sexta-feira, 18 de novembro de 2011

Desenvolvimento Industrial do Brasil

Roteiro de aula: Prof. Boaz Rios

Fatores que favorecem o Brasil no processo de crescimento:

  • Democracia consolidada;
  • Estabilidade de preços;
  • Crescente participação e influência na economia global;
  • Rápida capacidade de resposta à demanda mundial por alimentos e energia;
  • Ampla oportunidade de investimentos em infraestrutura;
  • Mercado consumidor em expansão
Crescer Mais e Melhor, significa:

  1. Desenvolver-se de forma sustentada;
  2. Reduzir a pobreza e desigualdade;
  3. Preservar a sustentabilidade ambiental;
  4. Garantir a diversificação e transformação da estrutura produtiva
  5. A fórmula do sucesso: mais tecnologia, mais sofisticação, maior valor agregado.
Forças necessárias para a promoção do desenvolvimento do Brasil:

  • Estabilidade econômica;
  • Acesso ao mundo;
  • Taxa de investimento elevada;
  • Desenvolvimento sustentável;
  • Educação e inovação;
  • Mercado e segurança jurídica;
  • Capacidade de execução do Estado;
  • Instituições capazes de adaptação às mudanças.
 Fatores que impulsionarão a Economia brasileira na visão da CNI:
  • Retomada das exportações para a China;
  • Expansão dos empréstimos do BNDES e Banco do Brasil;
  • Estabilidade política – Eleição de governantes que adotem a mesma política econômica;
  • Desburocratização dos processos de importação de equipamentos;
  • Redução da carga tributária;
  • Flexibilização dos contratos de trabalho.
Agenda da competitividade:

  • Segurança jurídica;
  • Educação;
  • Macroeconomia do alto crescimento;
  • Inovação;
  • Tributação e gasto público;
  • Comércio exterior;
  • Financiamento;
  • Meio ambiente;
  • Relações de trabalho;
  • Burocracia;
  • Infraestrutura;
  • Micro e pequena empresa
Referência:
www.cni.org.br

sexta-feira, 11 de novembro de 2011

Educação que Inclui ou Exclui?


Autor: Boaz Rios
Os índices publicados pelo IDEB demonstram que a educação é discriminadora: a nota das particulares é 6,4, enquanto que na média nacional, inserindo a performance das públicas, a nota cai para 4,6. Pior é a situação dos alunos e alunas de alguns municípios, como Vitória da Conquista-BA, que amargam a avaliação decepcionante de 2,8 em 2009.
Preceitua a Constituição Federal em seu artigo 6º que a educação é um direito social e que tal política compete a todos os entes governamentais (Art. 23). Ainda, a Carta Magna determina: "A educação, direito de todos e dever do Estado e da família, será promovida e incentivada com a colaboração da sociedade, visando ao pleno desenvolvimento da pessoa, seu preparo para o exercício da cidadania e sua qualificação para o trabalho (Art. 205)".
Como se observa no tratamento dispensado pela Constituição Federal à educação, pode-se afirmar tratar-se de uma prioridade eleita pela sociedade brasileira e positivada em seu maior instrumento legal, com vistas ao desenvolvimento pleno, integral e completo do indivíduo, capaz de elevá-lo ao patamar de cidadão, ou seja, protagonista da sua própria história e da construção da vida em sociedade.
Contudo, distante do olhar contundente e determinante do preceito constitucional, os governos limitam-se a um comportamento gerencialista, cuja medíocre proposta é a de apresentar metas quantitativas de matrícula escolar e de índices de reprovação. Com certeza, não é esta a educação definida na Constituição, pois a mera meta quantitativa não alcança o objetivo do desenvolvimento pleno do indivíduo, ou sequer, a promoção da sua cidadania.
Notadamente, os governos têm falhado na promoção da educação, e a simples matrícula da criança na rede escolar não garante a qualidade do ensino, e tão pouco, assegura  futuro digno para todos os cidadãos.
Que futuro a sociedade brasileira reserva para todos esses impedidos ao acesso da educação de qualidade? Quais vagas esses impedidos ocuparão no mercado? Por certo, a sua grande maioria, ocupará subempregos ou, no máximo, funções de menor importância, de baixa remuneração e de grande exploração de mão-de-obra.
Que transformação social promoverão esses que recebem educação de qualidade duvidosa? Ou que, por outros motivos sociais diversos, não conseguem obter rendimento escolar? Por certo, a sua maioria, observará a vida passar sem que tenham o privilégio de exercer influências, social ou econômica, relevantes.
A solução, com certeza, não virá dos governos. As justificativas são diversas: herança histórica que impedem a transformação à curto prazo; recursos limitados; outras prioridades de governo. É preciso que a sociedade brasileira assuma a defesa da educação, despertando-se para uma participação efetiva nos conselhos municipais, cobrando posicionamento firme do Ministério Público e Tribunal de Contas, bem como, substituindo políticos demagogos por outros que se comprometam efetivamente com a educação.

Fonte:
Resultados do IDEB (http://ideb.inep.gov.br/resultado/)





segunda-feira, 24 de outubro de 2011

Desejo e Satisfação


    Autor: Boaz Rios
    Satisfações e insatisfações fazem parte do nosso cotidiano. Aspirações, vontades e desejos, despontam no íntimo das pessoas, de forma que o prazer, a alegria, a satisfação, condicionam-se ao que, e como foi definido o desejo. Desejo e satisfação, desta forma,  são sentimentos inerentes aos seres humanos em todo e qualquer momento da vida. O desejo é entendido, num primeiro sentido, como voto e aspiração,  e em outro sentido, como prazer e vontade. O desejo não se confunde com necessidade, é um saber não sabido, um enigma que se traduz numa vontade, de modo que o desejo ocorre por consequência de uma falta, uma satisfação reprimida ou sufocada ( ver Freud).
    Por outro prisma, Soren Kierkegaard entende que o desejo é consequência de uma falta, ocasionada por um distanciamento de Deus, e somente em Deus, o  ser humano se completa. Na caminhada, ou no esforço de alcançar a satisfação, o desejo apresenta-se em estágios: o desejo estético, o ético e o religioso. Somente este último, pode superar as deficiências dos demais, pois coloca o ser humano diante do "EU" eterno, a plena satisfação ao encontrar-se em Deus.
    O desejo e a satisfação são dois sentimentos reciprocamente ligados numa dependência mútua, de modo que, a alteração na intensidade de um, caso não se reflita na resposta do outro, fatalmente causará um desequilíbrio emocional. Perceber-se-á uma falta, uma carência, ou seja, sentimento que demonstra a incapacidade de corresponder, ou satisfazer, ao desejo manifestado ou percebido.
    A satisfação, por outro lado, é a alegria, o prazer, de perceber, desentir, deprovar o sabor da realização do que se esperava, enfim, a satisfação do desejo. Persiste a interdependência, pois a satisfação inibe o desejo, enquanto que a insatisfação leva o desejo ao patamar de frustração, de prazer inatingível.  Esta interrelação se consolida e se equipara, na medida em que a satisfação espera um comportamento ou uma intensidade de desejo que lhe seja compatível, enquanto que o desejo espera e anseia ser satisfeito na mesma forma e em  igual intensidade.
    Os Cânticos de Salomão nos oferece um poema no qual desejos e satisfações são apresentadas no sentido de interdependência, de contentamento recíproco, que não sufoca o desejo, mas que, de igual forma, não frusta a satisfação. Salomão constrói seu diálogo com a mulher amada, e expõe um detalhamento doce e natural de cada parte, objeto do seu desejo: olhos, boca, cabelos, lábios, perfume, enfim, tudo que singularizava a pessoa amada dentre as demais. Um deleite por desfrutar da presença e compartilhar o amor.
    A relação entre Desejo e satisfação fica clara no capítulo 2, versículo 7, quando a esposa diz: "Conjuro-vos, ó filhas de Jerusalém, pelas gazelas e cervas do campo, que não acordeis, nem desperteis o amor, até que este o queira". O amor tem o tempo certo de maturação, de estar pronto, um desejo certo para cada momento de satisfação, e uma satisfação correspondente a cada momento de desejo. De modo que, no momento certo, ele será pleno.
    É preciso observar a voz do amor, desfrutar da expectativa pela sua chegada, gozar a expectativa na medida, na intensidade certa pela chegada do amor. Uma ansiedade descontrolada provoca erros, precipitações, e consequências desastrosas.
    No tempo certo, colhem-se os frutos. Chega a época que o amor frutifica, é o tempo de Deus, onde tudo é abundante e satisfaz completamente. Conheçamos e prossigamos em conhecer ao Senhor (Oséias 6:3), Ele nos aproxima de nós mesmos, e, fazendo-se conhecer, desvenda nosso próprios mistérios, revela nossos desejos, totalmente saciáveis pela perfeita criação. Aparecem as flores, as figueiras dão frutos, as flores exalam seu perfume, e a vida revela a satisfação, o prazer.
    Vem os perigos, provas para testar a pureza do sentimento. Raposas querendo estragar as vinhas (vs. 15). Dificuldades e frustrações, ameaças de dentro e de fora, ardis que tentam interferir na relação harmoniosa. Todavia, reafirma-se a certeza de pertencimento. Algo que não muda, não existe dúvida nem desconfiança: "o meu amado é meu e eu sou dele". Não há divergência entre desejo e satisfação, quando se tem a certeza de pertencimento, por isso, a sua afirmação, mesmo que ainda incerta, revela um passo de fé.
    Assim, o amor resolve a questão entre desejo e satisfação, sobrepondo-se ao olhar arrogante dos aproveitadores, que utilizam as pessoas como coisas, ou, simplesmente, vivem relações baseadas em convenções morais. Somente Deus, através do seu amor, promove a plena satisfação dos nossos desejos.

terça-feira, 18 de outubro de 2011

A Reforma Gerencial do Estado Brasileiro

A partir do esgotamento do modelo anterior, o chamado burocrático, fica claro a necessidade de um novo modelo de Estado, baseado em novos paradigmas, quais sejam: o gerencialismo e a perspectiva democratizante. Esta última tem dificuldades quanto a sua conceituação pouco formalizada, o que não ocorre com o gerencialismo, fruto de um revigoramento do pensamento neoliberal. 

Enfatizando os dois conceitos: 1) Nova Administração Pública: Considerado um enfoque socialdemocrata de cunho neoliberal, que realça a necessidade de redução do tamanho do Estado e da modernização gerencial do setor público; 2) Modelo democrático-participativo: objetiva estimular a organização da sociedade civil, ampliando os espaços de decisão com a participação popular na concepção, acompanhamento e controle das políticas públicas.

O gerencialismo é dividido em dois estágios: 1) Privatização, descentralização, desregulamentação; 2) Estruturação da capacidade administrativa institucional. Um exemplo dessa nova modelagem institucional foi a criação do MARE - Ministério da Administração Federal e Reforma do Estado, bem como, das Agências Reguladoras.

Com a Administração Pública Gerencial, há uma redefinição do papel do Estado, que "deixa de ser o responsável direto pelo desenvolvimento econômico e social pela via da produção de bens e serviços, para se adequar a uma nova função de Estado gerencial" (MATIAS-PEREIRA,2008,p.114). Desta forma, objetivou-se   promover a eficiência estatal por meio da descentralização administrativa e da apuração de resultados. Para Bresser Pereira (2005), o Gerencialismo apresenta os seguintes princípios:

Princípios relacionados à estrutura do Estado:
1. O Estado fornecerá diretamente, por meio de seu serviço público estatutário, somente as atividades exclusivas de Estado, isto é, as atividades que envolvem o uso do poder do Estado, ou que controlam os recursos do Estado.

2. Entre as outras atividades, as atividades auxiliares devem ser diferenciadas do fornecimento de serviços sociais e científicos. As primeiras devem ser competitivamente terceirizadas para empresas comerciais, e os últimos, terceirizados para organizações não-governamentais.

Princípios relacionados ao serviço público

1. A administração pública será baseada no serviço público profissional e de alto nível, recrutado e promovido de acordo com o mérito e treinado de acordo com o "ethos" do interesse público, bem pago e motivado por diversos incentivos.

2. Os funcionários públicos estarão comprometidos com a efetividade da organização do Estado e com o estado de direito na medida em que adotarem de forma contemporânea os princípios clássicos da administração pública burocrática; com a eficiência ou a redução de custos e com o aumento da qualidade dos serviços públicos, na medida em que estiverem administrando serviços públicos de acordo com os princípios da moderna gestão pública.

Princípios relacionados às práticas de gestão

1. Em um mundo onde a mudança tecnológica e social é cada vez mais rápida, os servidores públicos devem ser mais autônomos na tomada de decisões e, em compensação, eles, assim como as agências que administram ou para as quais os serviços sociais e científicos são terceirizados, devem ser mais responsáveis perante a organização do Estado e a sociedade.

2. O aumento da responsabilização será alcançado através da combinação dos mecanismos clássicos de supervisão administrativa e auditoria próprios da administração pública burocrática com os mais recentes métodos de responsabilização próprios da moderna gestão pública: administração por resultados, competição administrada visando excelência, e controle social.

3. O aumento da responsabilização será também alcançado através da adoção de uma política de total transparência, que envolve amplo uso da Internet.
 
4. O aumento da eficácia será alcançado na medida em que as instituições jurídicas estejam bem adaptadas aos valores e sentimentos da sociedade, e os funcionários públicos estejam comprometidos com o "ethos" do serviço público.

5. O aumento da eficiência estará assegurado na medida em que funcionários
públicos mais autônomos sejam capazes de escolher os meios para alcançar os objetivos acordados, sintam-se orgulhosos dos resultados alcançados, e sejam devidamente recompensados.

6. O aumento da eficiência também será alcançado pela adoção generalizada da informática.

Considerações finais 
No Brasil adotou-se o gerencialismo na estruturação da máquina governamental, introduzindo-se formas de atendimento ao cidadão (cliente), acolhendo instrumentos de incentivos por resultados para os servidores, e programas com metas pre-estabelecidas, dentre outras medidas.
Salienta-se que, embora esta nova postura gerencial apresente melhores resultados quantitativos, não garante que a respectiva política pública tenha efetividade, por exemplo: mesmo que determinada escola apresente um alto índice de aprovação dos seus alunos, isto não garante que a educação desenvolvida seja de boa qualidade.


Referências



Bresser-Pereira, Luiz Carlos (2004) Democracy and Public Management Reform. Oxford:
Oxford University Press. Conselho Econômico e Social das Nações Unidas (2005) "Abordagens e Metodologias Ascendentes para o Desenvolvimento de Fundamentos e Princípios de Administração Pública: O Exemplo da Análise Organizacional Baseada em Critérios". Documento apresentado ao Comitê de Especialistas em Administração Pública, Quarta sessão, Nova Iorque, 4-8 de abril de 2005 (E/C.16/2005/3).


MATIAS-PEREIRA, José. Curso de Administração Pública. São Paulo, Atlas, 2008.

segunda-feira, 17 de outubro de 2011

ELEMENTOS DA CULTURA


Símbolos – São palavras, gestos, figuras ou objetos que exteriorizam um significado, que é apenas reconhecido por aqueles que compartilham a cultura.
Os símbolos são constituídos de várias coisas concretas ou abstratas que se lhe são atribuídos valores ou significados específicos, dentro de um contexto cultural, por meio de atos, atitudes e sentimentos. A criação deles consiste, basicamente, na associação de significados daquilo que pode ser percebido pelos sentidos.

Heróis – São pessoas, vivas ou falecidas, reais ou imaginárias, que possuem características altamente valorizadas numa determinada cultura e, por isso, servem como modelo, referencial ou padrão de comportamento. O termo herói designa originalmente o protagonista de uma obra narrativa ou dramática. Para os Gregos, o herói situa-se na posição intermédia entre os deuses e os homens, sendo, em geral filho de um deus e uma mortal (Hércules, Perseu), ou vice-versa (Aquiles). O herói tem dimensão semi-divina.
Herói será tipicamente guiado por ideais nobres e altruístas – liberdade , fraternidade , sacrifício , coragem , justiça , moral, paz . Eventualmente buscará objetivos supostamente egoístas (vingança , por exemplo); no entanto, suas motivações serão sempre moralmente justas ou eticamente aprováveis, mesmo que ilícitas. Aqui é preciso observar que o heroísmo caracteriza-se principalmente por ser um ato moral .
Exemplos de Heróis: Hércules – mitologia grega; Davi – História bíblica; Zumbi dos palmares;
Chico Mendes – ambientalista.

Mitos – Contos ou representações culturais utilizados para explicarem fenômenos da natureza e sua relação com o homem. Atualmente, fala-se de uma Mitologia Moderna, advinda de lendas urbanas e de várias outras fontes. Servem para os diversos grupos culturais exprimirem suas contradições, valores, crenças e códigos.

Rituais – São atividades coletivas, tecnicamente supérfluas para atingir fins desejados, mas consideradas essenciais numa determinada cultura. Servem para o fortalecimento dos vínculos e propósitos. São exemplos: formas de cumprimento, comemorações, acolhimento de novos membros.

Valores - são conceitos, modos de agir das pessoas e pode ser cultural ou social; são diferenciados de pessoa para pessoa e através deles cada um expressa seus sentimentos, suas críticas, sua forma de ser e ver o mundo. Podem ser, estéticos, éticos, políticos e religiosos.

IMPLANTANDO NOVIDADES – Gerenciando a mudança


  • A resistência à mudança é algo natural – A nova perspectiva procura mostrar não só os receios à mudança como naturais, mas, sobretudo, a profunda transformação nas relações de trabalho que tornam a oposição à mudança mais manifesta.

Receios da Mudança:

  1. Receio do futuro – Construção de imagens de um futuro desconhecido, que ameaçam o equilíbrio presente. Incapacidade de correr riscos ou de contrapor-se aos hábitos estabelecidos;
  2. Recusa ao ônus da transição – Para que se alcance um futuro promissor o caminho será de incertezas, dificuldades e conflitos;
  3. Acomodação ao status funcional – Para se implantar uma nova ordem há de se subverter a existente, obrigando as pessoas a reavaliarem os seus próprios valores, atitudes, comportamentos e condições de trabalho;
  4. Receio do passado – Pessoas negativamente afetadas por experiências anteriores adquirem bloqueios e resistências à ideia de mudar.

Tipos de Incongruências (grau de identificação do indivíduo com a organização):

  1. Dissidência – O funcionário sente-se limitado apenas à dimensão programada de suas funções: constata um hiato entre seu papel e seu potencial e não vê a sua capacidade de contribuição devidamente valorizada e reconhecida;
  2. Apatia – Indiferença e não manifestação de identidade com valores e práticas organizacionais; Resignados, não se importam com os destinos da organização;
  3. Ressentimento – Ressentimentos e mágoas, pela retirada da possibilidade de progresso. Não se sentem responsáveis pelos erros e fracassos.

Várias recomendações:

  • Conceda aos outros e a você mesmo a oportunidade de ser criativo: estranhe a normalidade e desafie o óbvio;
  • Reforce a postura otimista perante a vida: aja e procure ser útil diante dos problemas;
  • Considere valores e lealdades. São tão importantes quanto o conteúdo substantivo da novidade;
  • Procure singularizar a organização; não receie detalhes.
  • Atualize continuamente os objetivos, os métodos e as expectativas individuais;
  • Transfira poder e iniciativa: incentive e recompense desafios ao status quo;
  • Adote a perspectiva globalista: reeduque todos e a você mesmo em relação à globalidade dos processos e problemas;
  • Procure flexibilidade: reconcilie variedade e contradições;
  • Favoreça formas participativas e comunicações autênticas;
  • Trate com equidade direitos e prestígios individuais;
  • Considere problemas pendentes.
 (Roteiro de aula)

Referência:
MOTTA, Paulo Roberto. Transformação Organizacional: A teoria e a prática de inovar. Rio de Janeiro: Qualitymark, 2001.


quinta-feira, 13 de outubro de 2011

ONGS: ORGANIZAÇÕES NÃO GOVERNAMENTAIS


O conceito de ONG´s

A expressão “Organizações não-governamentais – ONG´s” origina-se da nomenclatura utilizada pela Organizações das Nações Unidas – ONU para designar as instituições internacionais que, “embora não representassem governos, pareciam significativas o bastante para justificar uma presença formal na ONU” FERNANDES,2000:26.

Momento embrionário:
Assistência social, originadas na filantropia e nas práticas religiosas de católicos-romanos (VERDÈS-LEROUX,1986:12), bem como, na ética protestante que, segundo WEBER(2001:75), considera que “Deus requer obras sociais do cristão, porque Ele deseja que a vida social seja organizada segundo seus mandamentos”.
Para FERNANDES (1994:16), “a tese do “sacerdócio universal”, proclamada pela Reforma Protestante no século XVI, abriu as hierarquias sagradas para a participação dos fiéis”, gerando uma mudança no perfil comportamental dos religiosos que, outrora limitados pelo clero romano, passam a participar efetivamente da vida religiosa, incluindo assim, ações de assistência social.

Atuação ampliada:
As (ONGs), que formam o terceiro setor, tiveram sua participação social ampliada e estimulada pelos setores ligados a Igreja e ao Estado no intuito de mobilizar esforços em socorro à população européia em estado de carência decorrente da II Grande Guerra Mundial.
O chamado “terceiro setor”, expressão que intenciona singularizar as características, formas de atuação e visão de mundo dessas organizações, que diferem, em vários momentos, daquelas expressadas pelo Estado, que representa o primeiro setor, e pelo mercado, que representa o segundo setor.

Considerações sobre o terceiro setor:
Terceiro Setor é um conjunto de organizações sem fins lucrativos que, não sendo de origem governamental, desempenha funções de caráter publico em diversas áreas como assistência social, educação, meio-ambiente e outras de interesse da sociedade. O termo “Terceiro Setor”, origina-se da expressão inglesa “third sector” de utilização corrente nos Estados Unidos. FERNANDES (2000:25)
Apresenta outras expressões utilizadas paralelamente a esta, como “non profit organizations” e “organizações voluntárias”, referenciando-se a instituições que não podem distribuir resultados financeiros a diretores ou associados. Na Europa, outros termos identificam tais organizações como “charities” (caridades) na Lei Inglesa, “filantropia” na literatura anglo-saxã, ou “mecenato” aludindo-se ao apoio dado às artes e ciências na idade média.
FERNANDES(2000:27) afirma que: “O terceiro setor é composto de organizações sem fins lucrativos, criadas e mantidas pela ênfase na participação voluntária, num âmbito não governamental, dando continuidade às práticas tradicionais da caridade, da filantropia e do mecenato e expandindo o seu sentido para outros domínios, graças à incorporação do conceito de cidadania e de suas múltiplas manifestações na sociedade civil”.

Concepções distintas: Países Centrais X Periféricos
Nos Países centrais e em especial na Europa, o terceiro setor surgiu no século XIX como alternativa ao capitalismo, tendo raízes ideológicas que vão do socialismo, em suas múltiplas faces, ao cristianismo social e ao liberalismo, visando novas formas de organização de produção e de consumo que, ora desafiavam frontalmente os princípios da economia política burguesa em ascensão, ora buscavam tão só minimizar os custos humanos da Revolução Industrial, funcionando de modo compensatório e em contra-ciclo.
Nos países Periféricos, O terceiro setor é o efeito de induções, quando não de pressões ou de interferências internacionais. (SANTOS)
Outro entendimento apontam dois fatores relacionados à emergência do terceiro setor na América latina, que seriam: a formação de um novo modelo de articulação social e um cenário aprofundado de crise política e econômica. (CASTILLO)

Funções do 3º Setor
  1. Contribuir para a construção do projeto de nação;
  2. Contribuir para a formação e o fortalecimento do comportamento de cidadão e da cultura democrática;
  3. Contribuir para a reinstitucionalização do âmbito público para aumentar a igualdade e fortalecer a governabilidade;
  4. Contribuir, criando condições para tornar possível a democracia cultural, ou seja, criar condições para que todos os diferentes sentidos e símbolos da diversidade social possam competir e circular em igualdade de condições.

Peculiaridades do 3º Setor no Brasil
  1. Sistema colonial; Lógica Patriarcal; Servil; Clientelista.
  2. Legitimação do sistema com a evangelização católica romana.
  3. Organização da sociedade – caráter filantrópico assistencialista.
  4. Influência da imigração
  5. Ditadura militar – ONG´s de cunho político e de defesa de direitos
Referência:

SILVA, Boaz Rios da. A Sustentabilidade das ONGs de assistência social: examinando experiências no município de Vitória da Conquista. 2004. 122 f. Dissertação (Mestrado) - Curso de Administração, Ufba, Salvador, 2004.


quarta-feira, 28 de setembro de 2011

Traços da Cultura Brasileira


Nós, brasileiros, somos um povo em ser, impedido de sê-lo. Um povo mestiço na carne e no espírito, já que aqui a mestiçagem jamais foi crime ou pecado. Nela fomos feitos e ainda continuamos nos fazendo. Essa massa de nativos viveu por séculos sem consciência de si... Assim foi até se definir como uma nova identidade étnico-nacional, a de brasileiros...”

Darcy Ribeiro, em O Povo Brasileiro


Vários traços são identificados por alguns estudiosos da cultura brasileira, dentre eles enfatizaremos aqueles destacados, principalmente por Sérgio Buarque de Holanda (Raízes do Brasil) e por Gilberto Freyre (Casa Grande & Senzala). São eles:

1. Hierarquia – Influências do Sistema Escravocrata:
  • Mundo antigo: alternância entre Conquistados/ conquistadores;
  • Brasil: trabalho escravo, repressão, estratificação social e hierarquização rígida;
  • Família patriarcal: centralidade do poder; obediência servil;
    1. Raízes do Brasil – Sérgio Buarque de Holanda (1936):
    • O Brasil constitui uma sociedade onde: a) O Estado é apropriado pela família;b)Os homens públicos são formados no círculo doméstico;c) Os laços familiares são transportados para o ambiente do Estado; d)O homem age mais pelo coração e tem medo de ficar sozinho.
    • Novos Tempos: Abolição/ República
  • Há na sociedade brasileira um apego muito forte ao recinto doméstico.
  • Há um grande desejo em alcançar prestígio e dinheiro sem esforço. A democracia é um mal entendido.
  • Nossa Revolução:
  • A revolução brasileira é um processo demorado.
    • Marco: abolição da escravatura
    • Brasil: país pacífico e brando
    • Com a cordialidade dificilmente chegaremos a revolução.

    1. Casa Grande e Senzala - Gilberto Freyre
  • "Casa-Grande & Senzala foi a resposta à seguinte indagação: o que é ser brasileiro? E a minha principal fonte de informação fui eu próprio, o que eu era como brasileiro, como eu respondia a certos estímulos."
  • Gilberto Freyre foi buscar nos diários dos senhores de engenho e na vida pessoal de seus próprios antepassados a história do homem brasileiro. As plantações de cana em Pernambuco eram o cenário das relações íntimas e do cruzamento das três raças: índios, africanos e portugueses.
  • "O que houve no Brasil foi a degradação das raças atrasadas pelo domínio da adiantada”. Os índios foram submetidos ao cativeiro e à prostituição. A relação entre brancos e mulheres de cor foi a de vencedores e vencidos.
  • "O ambiente em que começou a vida brasileira foi de grande intoxicação sexual. O europeu saltava em terra escorregando em índia nua. Os próprios padres da Companhia precisavam descer com cuidado, se não atolavam o pé em carne.”
  • "A grande presença índia no Brasil não foi a do macho, foi a da fêmea. Esta foi uma presença decisiva, a mulher índia tomou-se de amores pelo português, talvez até por motivos fisiológicos, porque, as sociedades ameríndias ou índias, inclusive a brasileira, eram sociedades que precisavam de festivais como que orgiásticos para provocar nos homens, nos machos, desejos sexuais. O que há de acentuar é o grande papel da índia fêmea na formação brasileira, essa índia fêmea não só através do relacionamento mencionado sexual, mas através do papel social que ela começou a desempenhar magnificamente, tornou-se uma figura capital na formação brasileira."
  • Fora de seu habitat natural, o índio não se adaptava como escravo: morria de infecções, fome e tristeza. Para suprir a deficiência da mão-de-obra escrava, os senhores de engenho de Pernambuco e do Recôncavo baiano importaram negros caçados na África. Agora, as escravas negras substituíam as cunhãs tanto na cozinha como na cama do senhor.
  • "Pôde-se juntar à superioridade técnica e de cultura dos negros sua predisposição como que biológica e psíquica para a vida nos trópicos. Sua maior fertilidade nas regiões quentes. Seu gosto pelo sol."
    1. Hierarquia Conclusão:
  • O Sistema escravocrata definiu uma relação servil entre Senhores e Escravos, e a tendência da estratificação social;
  • A família colonial forneceu a idéia da normalidade do poder, da respeitabilidade e da obediência irrestrita;
  • A família patriarcal moldou o grande modelo moral, quase inflexível, de centralização do poder e subordinação dos dominados;
  • A miscigenação mascara as diferenças, maquiando a percepção de que existem as discriminações.
  1. Personalismo
  • Ingresso tardio da Espanha e Portugal, via descobrimentos marítimos, no rol de países desenvolvidos da Europa. Sociedade desenvolvida à margem das congêneres européias;
  • Traço decisivo: o personalismo – importância particular atribuída ao valor próprio da pessoa, à autonomia de cada um em relação ao seu semelhante.
  • A verdadeira e autêntica nobreza não transcende ao indivíduo, mas depende das suas forças e capacidades, pois mais vale a eminência própria do que a herdada.
  • A tônica em “Raízes do Brasil” foi mostrar como as “sobrevivências arcaicas” do personalismo, do individualismo infenso a causas coletivas, do familismo e da mentalidade cordial eram contrárias à modernidade, que Sérgio Buarque associava à democracia.
  • O “padrinho” vale mais do que as normas.
  • Relações próximas ao poder é o caminho mais rápido ao topo;
  • Unidade baseada na relação, ultrapassando a esfera social e contaminando as esferas políticas e jurídicas;
  • Homem cordial”: Relacionamentos próximos e afetuosos. Preferimos conciliação e amizade, do que formalismo e legalismo.
  • Paradoxo: Sociedade hierarquizada, mas que busca as relações afetuosas.
  • O “patrão” oferece a relação de trabalho e, também, a de proteção, aspiração e confiança.
  • Resultado: Paternalismo – O pai (superior) ao mesmo tempo que controla o subordinado e o ordena, também agrada-o e protege-o.
  1. Malandragem
  • Em a “Ópera do Malandro”, Chico Buarque mostrou que a malandragem (ou esperteza) se espalhou pela vida nacional:
  • "Agora já não é normal/ o que dá de malandro regular profissional/ malandro com o aparato de malandro oficial/ malandro candidato a malandro federal/ malandro com retrato na coluna social/ malandro com contrato, com gravata e capital/ que nunca se dá mal".
  • De fato, a esperteza é um primeiro passo para a corrupção, que é um fenômeno pelo qual um funcionário favorece terceiros em troco de recompensa particular. O corrupto é um esperto.

    • O esperto é um egoísta.
      De maneira mais ampla, podemos dizer que o esperto é aquele que se servi de um propósito ou instituição.
    • A esperteza (“malícia, manha, astúcia, ardil, malandragem”) traz frutos mais rápidos e requer menos esforço e trabalho.
    • O expert é contra a corrupção.
      O expert é altruísta.
      O expert serve a um propósito,
      a uma instituição.
    • A expertise (“competência
      ou qualidade de especialista”)
      exige determinação, ânimo
      e resistência no longo prazo.
     
  • Características:
    • É flexível, consegue adaptar-se à várias situações;
    • É dinâmico e ativo, busca soluções criativas e inovadoras;
    • É sensível, capta o perfil das pessoas e as características da situação;
    • Sempre procura dar um jeitinho.
  1. Sensualismo
  • Catolicismo tolerante, poligamia dos mouros e moral sexual dos indígenas = Ferocidade carnal.
  • Características do culto associado à manifestações carnais: Carnaval, São João, etc.
  • No Brasil, há uma íntima relação entre a libido e os prazeres do paladar. Vulgarmente, o ato sexual é associado ao ato de comer.
  • Portanto, além de relações afetivas e próximas, tornam-se também sensuais.
  • Não pode existir pecado abaixo da Linha do Equador, face a sensualidade das negras e índias que andavam nuas ou seminuas, sensualidade essa ampliada pelas frutas, temperos e gestos ao andar.
  • "A hiperestesia sexual que vimos no correr deste ensaio ser traço peculiar ao desenvolvimento étnico da nossa terra, evitou a segregação do elemento africano, como se deu nos Estados Unidos, dominados pelos preconceitos das antipatias raciais. Aqui a luxúria e o desleixo social aproximaram e reuniram as raças."(Paulo Prado)
  • "Foram sexualidades exaltadas as dos dois povos que primeiro se encontraram nesta parte da América: o português e a mulher indígena. Contra a idéia geral de que a lubricidade maior comunicou-a ao brasileiro o africano, parece-nos que foi precisamente este, dos três elementos que se juntaram para formar o Brasil, o mais fracamente sexual; e o mais libidinoso, o português.“
  • "Por qualquer bugiganga ou caco de espelho estavam se entregando, de pernas abertas, aos "caraíbas" gulosos de mulher."
  • Os apelos sexuais no marketing são mensagens sexualmente apelativas utilizadas para sugerir ao consumidor que a aquisição e uso de determinado produto farão com que ele fique mais atraente e sensual perante os outros. (Martin Petroll,CLADEA, 2005)
  • Os apelos sexuais apresentam-se na propaganda sob diversas formas:
    a) Características físicas, que se referem à vestimenta utilizada, à atratividade geral e ao físico do modelo anunciado;
    b) Movimentos, incluídos o comportamento e a comunicação verbal e não-verbal do modelo,
    do contexto, como efeitos de câmera, som, iluminação, entre outros. Em outras palavras,
    aspectos que não advêm do modelo;
    c) Distância/interação física de modelos na propaganda;
    d) Voyeurismo, fantasias que a propaganda desperta no espectador. (Reichert; Ramirez, 2000. in PETROL;ROSSI, RAUSP,v. 1, n.2, Jul/Dez 2008)
  1. Aventureiro
  • Apesar do Brasil ser plural em suas formas e representações e o imigrante representar o trabalhador, nosso conjunto social (nossa alma) está mais para o aventureiro;
  • Lei do mínimo esforço; Apego a ociosidade; Macunaíma: “Ai que preguiça”.
  • O trabalho é para escravo. No Brasil, o trabalho manual está associado a desqualificação social;
  • Nos países protestantes o trabalho deve ser exercido por todos.
  • A aparição do contraponto holandês, principalmente no nordeste brasileiro, permite delimitar as diferenças entre o aventureiro ibérico e o trabalhador nórdico.
  • Tudo aquilo que nutre os valores do trabalhador, como a estabilidade, a paz, a segurança pessoal, o esforço sem perspectiva de proveito material imediato, permanece como que incompreensível ao aventureiro, pois advém de uma concepção temporal do mundo. Em outros termos, o aventureiro ibérico não saberia compreender, e ainda menos partilhar, o comportamento social e o comportamento econômico do trabalhador do norte.

terça-feira, 27 de setembro de 2011

Cultura Brasileira



Roteiro de Aula: O que é cultura?
  • Sociologia - o conceito de cultura tem um sentido diferente do senso comum. Simboliza tudo o que é apreendido e partilhado pelos indivíduos de um determinado grupo e que confere uma identidade dentro do seu grupo de pertença.
  • Filosofia - cultura é o conjunto de manifestações humanas que contrastam com a natureza ou comportamento natural.
  • Antropologia - “o complexo que inclui conhecimento, crenças, arte, morais, leis, costumes e outras aptidões e hábitos adquiridos pelo homem como membro da sociedade.”
  • Portanto, a cultura corresponde às formas de organização de um povo, seus costumes e tradições transmitidas de geração para geração que, a partir de uma vivência e tradição comum, se apresentam como a identidade desse povo.
Características:
Mecanismo adaptativo: a capacidade de responder ao meio de acordo com a mudança de hábitos, mais rápido do que uma possível evolução biológica.
Exemplo: Roupas para o frio.
Mecanismo cumulativo: As modificações trazidas por uma geração passam à geração seguinte, de modo que a cultura transforma-se perdendo e incorporando aspectos mais adequados à sobrevivência, reduzindo o esforço das novas gerações.
O paradoxo (complementar) da unidade na diversidade:
  • Globalização
    • Homogeneização de produtos (bens, serviços, cultura, tecnologias e identidades) e consumidores – viés economicista;
    • Compartilhamento de culturas e conhecimentos (informática, ONU, ONGs e etc.)
  • Localismo como reação a homogeneização da globalização:
    • Valorização da historia e identidades locais para enfrentar a alienação e simultaneamente para reforçar a unicidade local na competitividade global ex: selos de Identificação de origem, valorização cultural e histórica como patrimônio coletivo e etc.
  • Cosmopolitismo: 
    • Pensamento filosófico que pretende, do ponto de vista moral, promover a justiça social global envolvendo a redistribuição da riqueza, e do ponto de vista político, favorecer um corpo governativo institucional global, que irá por sua vez assegurar a paz e a redistribuição da riqueza.
 

domingo, 14 de agosto de 2011

Expresso Saudade

Rebecca Rios:
Ande depressa, seu maquinista, suba nesse trem e vai.  
Vai, que a estrada sabe bem onde te levar. 
A madeira segue o rastro da porta sempre aberta e do del vecchio bem cuidado.
Já o ferro, cansado de ser sempre relacionado às durezas, ouviu dizer que lá há aconchego e, assim, vai, sem hesitar.
Ande depressa, seu maquinista, e pode lotar de lenha essa locomotiva. 
Lenha que dê pra aquecer o motor e o carregamento. É que a encomenda tá acostumada com o a calor do meu peito e fica coalhada em caso de friagem, ouvi dizer.
Ande depressa, seu maquinista, mas nada de sair fazendo piuí. Esse negócio de alarde desagrada o destinatário, que é todo afeito às coisas contidas. Não precisa avisar que a encomenda é carinho. 
Quando ele abrir, vai logo ver. Nessa hora, não se engane com a falta de lágrimas, nem o julgue desnaturado. Tem problemas de desidratação, coitado. Bem aprendi, e te ensino de já, que ele sabe mesmo é sorrir. 
E sorri, e sorri.

Boaz Rios:

Sempre na estação a esperar, estará quem não se acostuma com o lugar.
Lugar que não deixou de ser, mas que se esvaziou, mesmo sem querer.
Movido por um sentimento de dever, que fere e não desiste de constranger, 
Mas que guarda uma expectativa, uma esperança incontida,
De que a semente solta ao vento fecundará em outro lugar,
E de lá, por mais longe que possa estar,
Exalará perfume inigualável, que o olfato mais aguçado perceberá,
Quão distinto e agradável aroma veio ao mundo perfumar,
E no cantinho, naquele lugar, o som de um velho tocador, 
Nas cordas do companheiro Del Vecchio,
No dedilhar calmo, sereno e tranquilo,
Por fim, não conterá, lágrimas do seu rosto a rolar.

quarta-feira, 10 de agosto de 2011

Arrependimento Esperado por Deus



Arrepender-se é mais do que sentir pesar pela falta cometida. Implica em contrição e remorso naquele que, necessariamente,  apresenta sinais de  mudança de opinião e rumo. A jornada é retomada por um caminho novo, cuja tarefa se mostra difícil, porém necessária quando se quer alcançar o destino almejado. Kierkegaard entende ser um estado, um "repouso no arrependimento", ou seja, um movimento da fé firmado no amor infinito, o amor que é propriamente um encontrar-se em Deus.
Para o apóstolo Pedro o arrependimento não é só uma necessidade do ser humano, mas, sobretudo, um desejo de Deus para com todas as pessoas. Em sua longanimidade Deus não leva em conta o tempo, pois, para Ele, um dia é como mil anos, e mil anos como um dia. Desta forma, Ele não demora em cumprir a sua promessa, sendo paciente com todos e não querendo que ninguém pereça, mas que todos cheguem ao arrependimento(2 Pedro 3:8-9).
Deus espera pelo arrependimento da humanidade. Sua perseverança, não hesitante, está fundada na brandura do seu próprio caráter, como percebe o apóstolo Paulo quando diz que as riquezas da sua bondade, tolerância e paciência conduzem ao arrependimento (Romanos 2: 4). A bondade de Deus conduz ao arrependimento, sendo seu desejo salvar a todos  num ato agradável e prazeroso (I Timóteo 2: 3-4).
O arrependimento não se finda com a amargura, visto ter sido gerado pelo próprio Deus, através do seu Espírito Santo. Não é um simples remorso passageiro, mas um processo gerado pelo Espírito, pois, consciente do seu caminho errado, o ser humano permite que Deus lhe trace uma nova rota a seguir. A vitória sobre o sentimento deprimente, funesto e nocivo , resulta da certeza do acolhimento divino, visto que  o coração quebrantado e contrito Deus não despreza (Salmos 51:17).
O propósito da tristeza provocada por Deus no processo de arrependimento não é a morte, e sim, a vida.  Nada mais é do que o despertar alegre de um novo dia, trazendo consigo esperanças revigoradas que evocam do futuro a possibilidade de ser feliz,  experiência  possível de ser vivenciada no aqui e no agora. A felicidade é peculiar ao reino dos céus, e dela desfrutamos quando, passo a passo, trilhamos o caminho do arrependimento, pois felizes são os humildes de espírito, porque deles é o reino dos céus (Mateus 5:3). 
Empenhar-se para consolidar esse processo demonstra não só persistência, força de vontade, mas, sobretudo, humildade autêntica. Tal qual ao homem que foi ao templo para orar e, segundo o mestre Jesus Cristo ele saiu dali justificado,pois, diferentemente do outro religioso,  não ousava levantar a cabeça, mas, em súplica insistente clamava:  "Deus, tem misericórdia de mim, que sou pecador"(Lucas 18:13). Como adverte  o apóstolo Pedro, o aperfeiçoamento evita os tropeços, mas somente advém mediante o esforço que cada um depreende em prol da consolidação do chamado (2 Pedro 1:10 ).
Deus não deseja que ninguém se perca. Trata-se, portanto, de uma necessidade universal, pois todas as nações reconhecerão, de uma forma ou de outra, que Jesus Cristo é o Senhor. Anunciar o arrependimento às nações é tarefa delegada à igreja, à todos que experimentaram desta graça maravilhosa, objetivando que todos possam ter acesso ao perdão proporcionado pelo Salvador (Lucas 24:47).
O tempo do arrependimento se findará, quando não mais será possível voltar e refazer a rota da caminhada. Quando os erros do passado teimarão em manter as consciências sob o peso da acusação. A santidade divina, por outro lado, satisfará toda incapacidade ou incompreensão, e a felicidade será plena naqueles cujos corações reconheceram e acolheram o grande amor de nosso Senhor Jesus Cristo.
Autor: Boaz Rios

terça-feira, 28 de junho de 2011

Somos Mais

Desespero e perplexidade invadiram o coração do discípulo de Eliseu, profeta de Deus, quando ao ver o exército inimigo cercando a cidade supôs ser a tragédia inevitável (2 Reis 6:15-17). Afinal, restaria qual alternativa para dois homens ameaçados por força de tamanha desproporcionalidade?
Assim, se apresenta o caráter fantasioso da maldade - sempre maior do que realmente é. Demonstra ter, de forma inequívoca, total domínio sobre a situação, afastando do ameaçado a possibilidade de  ensaiar qualquer reação. Molda-se um cenário no qual tudo parece estar perdido, ao sobrevir um poder absoluto e irresistível, que abate e aniquila toda sorte de esperança, o poder do mal.
O mal não integra a realidade, não faz parte dela. A realidade, contudo, é sufocada, assediada, constrangida pela maldade. Esta concepção é desvendada por João quando diz que o mundo jaz no maligno    (I João 5:19). O mundo não deixa de ser mundo, e não se transforma no mal, mas é subjugado por ele. A realidade submersa guarda características próprias do bem, porém, o mal que domina algumas de suas partes promove uma espécie de metástase, propagação maligna de todo tipo de corrupção, violência e degeneração.
A maldade, então, passa a existir a partir do próprio ser humano. Nesse contexto Jesus afirma que de dentro do coração dos homens procedem todos os maus desígnios (Marcos 7:21). De igual forma, aponta o apóstolo Tiago quando diz que ninguém é tentado por Deus, mas por sua própria cobiça, quando esta o atrai e seduz (Tiago 1:13-14).
Por outro lado, cabe ressaltar, que Deus é bom. Dentre os seus atributos, integrando sua própria essência, está a bondade, conforme afirma o Salmista: "Bom e justo é o Senhor; por isso mostra o caminho aos pecadores" (Salmos 25:8). Assim respondeu Jesus ao jovem rico: "Bom só existe um que é Deus" (Mateus 19:17). Não se trata de tão somente fazer o bem, mas ser inteiramente bom.
O canal utilizado por Deus para comunicar este seu atributo é o Espírito Santo. O apóstolo Paulo sustenta que a bondade, manifestada  no caráter humano, é obra do Espírito Santo, quando diz: "Mas o fruto do Espírito é amor, alegria, paz, paciência, amabilidade, bondade, fidelidade" (Gálatas 5:22).
Vencemos o mal, portanto, quando contemplamos a Deus, nos aproximamos dele e confiamos em seu poder. A resposta do profeta Eliseu ao seu discípulo foi uma oração para que Deus desvendasse os seus olhos a fim de perceber a realidade escondida por trás da maldade fantasiosa que se apresentava, e como era de se esperar, o exército de Deus mostrou-se de força infinitamente superior.
Vencemos o mal, portanto, quando compreendemos que o mal não é vencido pelo próprio mal, pois se fortalece quando utilizado, promovendo e dissipando crueldades ainda maiores. Porém, o mal é vencido pelo bem, este sim, valor absoluto, presente em Deus como atributo puro, límpido e incontaminável, capaz de vencer o mal, como afirma Paulo: "Não se deixem vencer pelo mal, mas vençam o mal com o bem" (Romanos 12:21).
Vencemos o mal, quando não desacreditamos, não vacilamos ante as cores assombrosas das circunstâncias da vida, e mantemos uma fé inspirada e confiante, mantendo a convicção de que "em todas estas coisas somos mais que vencedores, por meio daquele que nos amou" (Romanos 8:37).

Autor: Boaz Rios