segunda-feira, 7 de outubro de 2013

O LABOR, A ETERNIDADE E O DESCANSO

Por: Boaz Rios
O Trabalho, como surgiu?

A  Palavra trabalho deriva do Latim TRIPALIUM (instrumento de tortura cujo desenho felizmente se perdeu, mas que era formado por três estacas agudas);
Esta palavra passou ao Francês como TRAVAILLER, significando “sofrer, sentir dor”, evoluindo depois para “trabalhar duro”.
Passando para a Inglaterra, acabou surgindo a palavra TRAVEL, “viajar”, com poucas hospedarias e muitos ladrões na estrada, uma viagem era algo muito sofrido, perigoso.
Para os gregos, a atividade humana se dividia em intelectual e física, sendo que a construção do pensamento e o discurso eram nobres e importantes, já a atividade física era humilhante e desprezível.
A tradição judaico-cristã aponta o trabalho como um castigo, resultado do pecado original de Adão e Eva, conforme relata Gênesis: "Do suor do teu rosto comerás o teu pão".
O catolicismo romano defendia que o homem recebia uma vocação, a de ser nobre (rico) ou a de servo (trabalhador) e que ambos deveriam desenvolver suas vocações, porém, sem usura pois era pecado mortal.
Com a Reforma Protestante, Calvino defendeu que a vocação era universal, sem limite, e, portanto, todos deveriam trabalhar, sendo a riqueza uma benção de Deus a partir do esforço humano.
Desfrutar dos bens e ter como acudir aos necessitados é agradável a Deus.
Na Revolução Industrial, a venda da força de trabalho tornou-se a forma normal de trabalho e de sustento, porém, o resultado ou o lucro passou a ser fortemente apropriado pelo empregador (patrão). A este fenômeno de apropriação pelo patrão da maior parte do lucro Karl Marx chamou de "mais valia", ou seja o salário deveria ser maior e o lucro melhor repartido.

 
O termo DESEMPREGO surgiu no século XIX e deriva do latim caumare, que em português significa calma, definindo que estar desempregado seria estar fora da agitação ou esforço atribuído à atividade laborativa.
 Atualmente, devido a baixa remuneração, os trabalhadores têm buscado vários empregos, ocupando dois ou três turnos para responder às necessidades básicas, à saúde, à educação e ao lazer.


  1. Considerações sobre o Labor:
  • É a forma escolhida por Deus para a manutenção da vida: "Do suor do teu rosto comerás o teu pão“. Mesmo na condição de pecador e no contexto de várias punições aplicadas por Deus ao casal no jardim do éden, Deus na sua bondade está estabelecendo que a partir do trabalho a vida estaria garantida, ou seja, o pão nunca faltaria.
  • Deve ser feito com o máximo de sabedoria, conhecimento e habilidade: "Se o machado está cego e sua lâmina não foi afiada, é preciso golpear com mais força; agir com sabedoria assegura o sucesso" (Eclesiastes 10:10 ). Sempre haverá uma possibilidade melhor de sustento, com menor esforço e maior retorno, é preciso qualificação e diligência.
  • A fadiga e a desilusão: O que ganha o trabalhador com todo o seu esforço? Tenho visto o fardo que Deus impôs aos homens. Ele fez tudo apropriado a seu tempo" (Eclesiastes 3:9-11). O cansaço pode levar à exaustão. Uma sensação de impotência ante aos novos desafios.
     
  • Ser abençoado em seu trabalho é desfrutar dos seus resultados: "comer, beber e encontrar prazer em seu trabalho" (Eclesiastes 20:24). Devemos sempre usufruir dos resultados do trabalho. Sentimentos de realização, satisfação e ações de graça, são necessários para uma vida saudável e de comunhão com Deus.
  • A vida sempre exigirá mais trabalho: "Quem ama o dinheiro jamais terá o suficiente; quem ama as riquezas jamais ficará satisfeito com os seus rendimentos. Isso também não faz sentido" (Eclesiastes 5:10). Como diz uma música: "a rotina começa a ditar suas regras sem dó".
2. A Eternidade

  • Deus é eterno. Seus Planos são eternos e perfeitos: “ Confiai no Senhor perpetuamente, porque o Senhor Deus é uma rocha eterna” (Is. 26:4). Vivemos numa dimensão limitada pelo tempo, no entanto, cremos num Deus que vive eternamente. Portanto, existem perspectivas de vida muito além da realidade que vivemos e na qual trabalhamos. E, nesta perspectiva eterna, as possibilidades são inimagináveis.
  • Deus se revela no tempo e no espaço: Através da sua criação, através da encarnação em Cristo e através do Espírito Santo e seus sinais revelados à igreja. Como afirma o apóstolo Paulo:“ Pois todos os que são guiados pelo Espírito de Deus, são filhos de Deus” Rom. 8:14
  • Em Cristo temos a esperança da eternidade:“Para que todo aquele que nele crê não pereça, mas tenha a vida eterna”(João 3:16). Ter a vida, desfrutar dela plenamente ou abundantemente, como afirmou Jesus, é possibilidade acessível a todo o que crê.
3. O descanso

  • Podemos descansar, sustentados no Deus que mantém a vida: “Aquele que habita no esconderijo do altíssimo, à sombra do onipotente descansará” (Salmos 91:1). Descansar é reconhecer a manutenção e renovação da vida independente e muito além do esforço humano.
  • Podemos descansar, sabedores das lutas, mas conscientes da vitória: "Para lhe dares descanso dos dias maus, até que abra a cova para o ímpio” (Salmos 94:13). Quando descansamos em Deus, não desconhecemos as lutas e os inimigos, mas cremos na vitória.
  • Podemos descansar, mas não desanimar: “ Para que descansem das suas fadigas, pois as suas obras os acompanham” (Ap. 14:13). Aqueles que descansam não deixam de trabalhar, mas o trabalho é leve, suportável e produtivo (as obras os acompanham).
Reflexão final:

  • Inegavelmente, o trabalho é árduo. Não devemos buscá-lo desesperadamente – é vaidade, correr atrás do vento.
  • O fruto do trabalho deve ser usufruído. É benção de Deus! Tudo tem o seu tempo! 
  • Deus é eterno. Há sempre algo de Deus que desconhecemos. Deus faz isso para que o temamos!
  • Descansar em Deus é uma disciplina, algo que devemos cultivar constantemente.