terça-feira, 27 de março de 2012

Deus que (Re)conheço


Autor: Boaz Rios
Será possível dizer que conheço a Deus? E quando digo que conheço, que Deus é esse que conheço? O que conheço de Deus será capaz de dizer o que ele realmente é, de defini-lo, de compreendê-lo? Na verdade, pensar numa definição de Deus é limitá-lo, reduzi-lo a uma pequena e irrisória compreensão. Por outro lado, conhecer a Deus é um processo que nunca se acaba, pois aquilo que aprendemos e acumulamos de conhecimento sobre Ele é sempre muito inferior ao todo, daí a insistência do profeta quando exorta: "conheçamos e prossigamos em conhecer ao Senhor" (Oseias 6:3).
Um homem que andou com Deus e foi chamado "amigo de Deus" foi Abraão (Tiago 2:23). Nesta amizade narrada no livro de Gênesis,  Deus teve a iniciativa, se apresentando a Abraão e, de logo, convidando-o a empreender um desafio: a construção de uma grande nação. Abraão creu, aceitou e partilhou momentos marcantes nesta relação, conhecendo e prosseguindo em aprender mais do seu novo amigo. No encontro com o sacerdote Melquisedeque (Gênesis 14:18-20), Abraão oferta o dízimo de tudo que possuía, reafirmando a sua amizade e devoção ao Deus que se deixa (re)conhecer, como veremos a seguir.
1. Deus se revela para que o conheçamos
Não haveria possibilidade de conhecê-lo se Ele mesmo não se revelasse. Por esta razão, em função do seu próprio desejo, Ele se revela: por meio da criação (Salmos 19); das escrituras sagradas (Mateus 22:29); na pessoa de Jesus Cristo, revelação perfeitamente humana e perfeitamente divina (João 14:8); do Espírito Santo, consolador que vive em nós (João 16:13); e, por último, do amor demonstrado pela igreja militante, conforme as palavras do Mestre: "Nisto conhecerão que sois meus discípulos, se vos amardes uns aos outros" (João 13:35). O amor, como forma de propagação do conhecimento de Deus, é a única que depende da predisposição do ser humano.
2. Deus se revela para que sejamos abençoados
Como na experiência com Abraão, a revelação de Deus vem antes da benção: "Sai da tua terra... de ti farei uma grande nação". O Deus, conhecido e reconhecido, se apresenta no intuito de abençoar, de propor uma nova e inédita realidade. Partilhar da revelação divina é colocar-se diante de uma nova fonte motivadora, de um recomeço definitivo rumo à plena realização, atingindo alvos antes inalcançáveis, mas, agora, nítidos e perfeitamente factíveis, desde que haja fé.
Não se trata de revelação meramente contemplativa e despretensiosa. Ela exige, ela compromete, lhe chama para percorrer um caminho e cumprir um missão. A benção maior que podemos imaginar é conhecer e cumprir os propósitos de Deus.
3. Deus se revela para ser adorado
Abraão encontra-se com Melquisedeque, servo do Deus altíssimo, come o pão e bebe o vinho, e num ato de devoção a Deus, oferta-lhe o dízimo de tudo que possuía. Gesto de louvor, de adoração, de engrandecimento e exaltação do Deus Todo-poderoso, criador e sustentador de tudo e de todos.
Demonstra gratidão, reconhece ter feito a escolha certa, ter seguido o caminho outrora desconhecido, mas crido. Reconhece os benefícios, os frutos visíveis, mas atribui o resultado ao doador da vida, ao Deus eterno e poderoso.
Demonstra humildade, afasta de si a glória, imputando a Deus a autoria e efetivação de tudo.
Demonstra espontaneidade, atua com voluntariedade ao ofertar o dízimo independente de qualquer ordem, pedido ou regra.
Conclusão:
A revelação de Deus, seja através da criação, das escrituras, do ministério Messiânico, da obra do Espírito Santo ou do amor compartilhado pelos seguidores de Cristo, está plenamente acessível a todos que se dispuserem a conhecer e prosseguir em conhecer ao Senhor.
A benção de Deus, para aqueles que ouvirem o chamado, é infinitamente abundante. É muito mais do que se possa pedir ou imaginar, assim como são incontáveis as estrelas do céu (Gênesis 15:5).
Tudo depende da disposição em conhecer e prosseguir em conhecer ao Senhor, pois, dia a dia, seu propósito é revelado e as bençãos se manifestam copiosamente.