segunda-feira, 9 de maio de 2011

Sabores da Páscoa

Autor: Boaz Rios

Longe da doçura do chocolate, a páscoa, originalmente na cultura judaica, traz o sabor amargo das ervas, da carne cozida de carneiro acompanhada do gosto insosso do pão sem fermento. Tudo isso, para representar a libertação israelita da escravidão egípcia, tornando-se numa das festas instituídas por Deus para a celebração tradicional-religiosa daquele povo.
Ao celebrar a páscoa, Jesus convida os seus discípulos para uma ceia especial, pois seria a última vez que o faria. Naquela ocasião, parte o pão e distribui o vinho, instituindo daquele momento em diante a Eucaristia, ou seja, um sacramento que todos os cristãos participariam como testemunho do sacrifício de Jesus, sinal da libertação completa de todos os efeitos do pecado para aqueles que aceitam a sua obra redentora.
Para os discípulos, o prenúncio da morte do Mestre não proporcionou à Páscoa um sabor agradável. Nem mesmo a promessa de ressurreição afastou dos apreensivos corações a angústia, a dor e a desilusão. Estes sentimentos  ficaram evidentes em alguns momentos que sucederam a morte de Jesus, como veremos a seguir.
Ocorre uma exaltação da tragédia, percebida na narrativa dos dois discípulos no caminho de Emaús (Lucas 24, versículos de 13 a 25). Os acontecimentos do final de semana impactaram suas mentes de maneira profunda, devido a crueldade das agressões, a injustiça, enfim, o horror da crucificação de um justo. Sobre isso conversavam, tão envolvidos, que não perceberam que o próprio Jesus os acompanhava e conversava com eles. A tragédia impõe sua preferência, seja nos noticiários ou na roda de amigos, as más notícias irão preponderar.
Sobrevêm um conformismo prático, evidenciado na atitude das mulheres que vão ao túmulo para embalsamarem a Jesus (João 20:11-16). Diante do fato trágico consumado, resta fazer o que é possível, realizar a prática cotidiana e costumeira, longe de qualquer possibilidade sobrenatural. Viram a Jesus, mas não o reconheceram, confundindo-o com um jardineiro o indagaram sobre o corpo do sepultado. O conformismo prático aplica sua rotina, retoma as regras habituais e conforma-se com a realidade tragicamente insuperável.
A incredulidade supera a fé quando, para crer, evidências são exigidas. Naquele instante, os fatos adversos falaram mais alto e, com toda a sinceridade, Tomé, um dos discípulos, expõe sua condição: Só acreditaria na ressurreição se visse os sinais, e colocasse as mãos nos ferimentos de Jesus (João 20:26-28). A fé se esvai diante das circunstâncias desfavoráveis e o olhar volta-se para a ameaça premente, perdendo-se a expectativa do depois.
A páscoa, entretanto, tem sabor de alegria, celebrando a vitória da vida que supera a morte. Trata-se de um poder emanado da ressurreição de Jesus, capaz de produzir entusiasmo, esperança e vitalidade.
O entusiasmo renova a vida, promovendo a recuperação da capacidade de alegrar-se e satisfazer-se. Tal sentimento é exposto pelo apóstolo Paulo nas expressões: esquecer, avançar e prosseguir (Filipenses 3:13 e 14). A sensação original provocada pela ressurreição faz desaparecer o gosto amargo do passado deixando o paladar ávido, desejoso por experiências inusitadas.
A esperança estabelece o propósito, orientando os olhares para o futuro, para as coisas que se colocam adiante. Perante o olhar incrédulo dos discípulos de Emaús, Jesus adverte: " Ó néscios e tardos de coração para crer tudo o que os profetas disseram!" (Lucas 24:25). Não importava olhar para o passado, incrustar-se nos traumas das frustrações, mas fitar os olhos na palavra profética, que serenamente insiste em apontar o caminho da esperança.
A vitalidade se manifesta, demonstrando que a sequidão aparente guardava sinais de vida com capacidade rejuvenescedora, que só brota por meio da seiva de vida que flui da ressurreição de Jesus. A árvore plantada junto ao rio, diz o Salmista, no devido tempo dá o seu fruto. Eis que se rompe o ciclo da morte e se estabelece o ciclo da vida, é vida gerando vida, por isso, a celebração de Paulo: "Onde está, ó morte, a tua vitória?" (I Coríntios 15:55).

Sabores da Páscoa são sensações experimentadas pela alma, às vezes, com tamanha amargura que provoca arrepios, porém, aqueles que se apropriam da ressurreição de Jesus provam de delícias incomparáveis e eternas.

2 comentários:

Intercessão e oração disse...

MUITAS PESSOAS ESQUECEM QUE PÁSCOA É MUITO MAIS QUE CHOCOLATE É A NOSSA LIBERDADE EM CRISTO QUE NOS TROUXE SALVAÇÃO.
GLÓRIA A DEUS!!!!
FICA NA PAZ DO SENHOR!

João Claudio disse...

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