quinta-feira, 3 de março de 2011

Jovens Cristãos e o Mundo Digital


Geração após geração as pessoas persistem nas mesmas ansiedades, ao não adaptarem-se às transformações inauguradas com os novos tempos. Tais preocupações produzem efeitos que afetam as relações sociais, os ambientes de trabalho, a convivência familiar e, sem dúvida, a vida comunitária entre os cristãos.
Numa leitura preliminar do ambiente cristão, sem paixões ou saudosismos, constata-se claramente as mudanças de comportamento em relação aos grupos de interação social, como também, à igreja como instituição. É claro que os mais velhos irão identificar elementos peculiares de uma geração que se envolvia por voluntarismo e comprometimento em atividades dos grupos de jovens, nas programações dos sábados à noite ou nos retiros e encontros espirituais. Enquanto isso, os mais jovens não compreendem as razões de tamanho esforço, quando podem obter interações sociais de maneira rápida e abrangente apenas por um click.
Buscando entender tais mudanças de comportamento, a sociologia tem identificado a ocorrência de três gerações: X,Y e Z. Após o fenômeno chamado de geração X entre os anos 60 e 80, ocorreu entre os anos 80 e 90 o surgimento da geração Y, denominada a geração do milênio ou da internet. Predominou, nesta época, grandes avanços tecnológicos e prosperidade econômica que proporcionaram aos pais suprirem seus filhos com os recursos disponíveis, alguns mais outros menos, mas que de maneira geral o discurso antigo da supremacia do trabalho foi substituído pela educação e pelo acesso fácil e rápido às informações, tarefa instrumentalizada com o uso das novas tecnologias como a internet.
A partir da década de 90, a geração Z convive intensamente com a popularização da World Wide Web e com as várias tecnologias de comunicação que permitem a transmissão on line de dados e imagens. A virtualidade substituiu a realidade, tornando o mundo, distante ou imaginário, num instrumento da especulação e do desejo. As relações, cada vez mais distantes e flutuantes, são facilmente descartadas pela facilidade de zapear, ou seja, mudar de canal, de site, de blogger, twitter, etc.
Diante de tamanha revolução tecnológica e comportamental, resta-nos perguntar: Nossas igrejas têm acompanhado o ritmo dessas transformações? A linguagem utilizada no discurso cristão tem alcançado esse novo público? As prioridades de nossas instituições refletem as exigências emergentes? O ambiente virtual representa uma ameaça ao cristianismo, ou pode tornar-se um instrumento em suas mãos?
Dentre outros, sugerimos a análise de três aspectos: a instituição, a linguagem e as prioridades. Alguns tem questionado o papel da instituição e, às vezes, até a sua própria razão de ser. Evitando tal discussão e focando em nosso questionamento, percebemos muita dificuldade de adaptação das instituições às novas tecnologias. Não há reflexões sobre este novo comportamento que possibilite uma releitura do evangelho que, sem prejuízo do seu conteúdo, possa navegar eficazmente em busca dos escolhidos. As estruturas organizacionais não evoluem, apresentando como único diferencial as tendências mercadológicas de algumas instituições, distantes em muito da mensagem do Sermão do Monte.
A linguagem é o meio que veicula a mensagem do evangelho de Cristo. Desta forma, não resta motivos para qualquer resistência dogmática, uma vez que a forma e os meios não afetam o conteúdo. A própria experiência bíblica traz diferentes abordagens cujo propósito é alcançado com total fidelidade à mensagem do evangelho. Jesus Cristo fez uma leitura cultural totalmente adequada, coloquial, atraente e reflexiva sobre as questões que afetavam ao povo judeu daquela época.
Por último, as igrejas precisam reavaliar suas prioridades. Ponderar sobre a importância de cada objetivo da instituição não desmerecendo nenhum deles, mas procurando enfatizar aqueles aos quais maior atenção se dedicará, a fim de satisfazer os anseios e expectativas da comunidade, dentro do macro objetivo de amar a Deus sobre todas as coisas e ao próximo como a si mesmo.
As instituições, principalmente as empresas privadas, já passaram por uma primeira revolução, ou seja, a da redução do imobilizado, diminuição do tamanho físico e das estruturas. Passaram, então, a investir mais nas pessoas, de onde se obtém maiores resultados, estabelecendo vantagens competitivas diante da concorrência mercadológica. A revolução tecnológica, também, alcançou o mundo empresarial, através da qual, diversas transações são possíveis de forma rápida e segura.
Quando pensamos, entretanto, no ambiente eclesiástico, fica evidente a maior preocupação com construções, edificações e instalações. Sem desprezar a importância de um ambiente físico agradável, outros fatores passam a ter maior influência sobre o comportamento humano, com reflexos sobre a espiritualidade, ou seria o contrário? Porque, na verdade, é a espiritualidade que determina o mundo real: “Vós sois o sal da terra... vós sois a luz do mundo”.
Considerando, ainda, a integração de novas tecnologias, o evangelho de Jesus deve fluir pelos diversos instrumentos de conexão, permitindo que a virtualidade, ao transmitir as verdades do evangelho, possa produzir efeitos transformadores nas vidas humanas, para que, então, sejam percebidos no mundo real. Neste sentido, a juventude cristã tem papel relevante, e, por já está inserida neste novo mundo, tem aí o seu lugar de adoração, onde podem adorar ao Pai em Espírito e em verdade, fazendo discípulos de todas as gerações, inclusive da geração Z.

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