Uma das fontes
de financiamento das ONGs decorre das relações que podem ser construídas entre
as ONGs e o poder público, seja na esfera federal, estadual ou municipal. Para
o melhor entendimento sobre esse tema, convém detalhar alguns tipos de repasse
que são feitos pela administração pública:
a) Transferência
Fundo a Fundo: Consiste no repasse regular e automático de valores aos
Estados, Municípios e Distrito Federal, feito diretamente pelo Fundo Nacional.
Nas Transferências Fundo a Fundo, os recursos financeiros transferidos deverão
ser movimentados em conta bancária específica, aberta pelo Fundo Nacional, em
nome dos respectivos Fundos estaduais, municipais ou do Distrito Federal.
b) Convênio:
Transferência de recurso financeiro que tem como participantes, de um lado,
órgão ou entidade da administração pública federal direta ou indireta, e do
outro lado, órgão ou entidade da administração pública federal, estadual,
municipal, distrital ou ainda entidades privadas sem fins lucrativos, visando à
execução de programas de governo que envolvem a realização de projeto,
atividade, serviço, aquisição de bens ou evento de interesse recíproco, em
regime de mútua cooperação.
c) Contrato
de Repasse: Instrumento administrativo por meio do qual a
transferência dos recursos financeiros acontece por intermédio de instituição ou
agente financeiro público federal (Caixa Econômica Federal), atuando como
mandatário da União. Ou seja, o órgão público descentraliza o crédito ao agente
financeiro, ao qual cabe firmar e acompanhar o contrato com os órgãos federais,
municipais, distritais e entidades privadas sem fins lucrativos.
d) DO
CONTRATO DE GESTÃO (OS – Lei 9637/98): Art. 5o Para
os efeitos desta Lei, entende-se por contrato de gestão o instrumento firmado
entre o Poder Público e a entidade qualificada como organização social, com
vistas à formação de parceria entre as partes para fomento e execução de
atividades relativas às áreas relacionadas no art. 1o.
e) DO
TERMO DE PARCERIA (OSCIP – Lei 9790/99): Art. 9o Fica
instituído o Termo de Parceria, assim considerado o instrumento passível de ser
firmado entre o Poder Público e as entidades qualificadas como Organizações da
Sociedade Civil de Interesse Público destinado à formação de vínculo de
cooperação entre as partes, para o fomento e a execução das atividades de
interesse público previstas no art. 3o desta Lei.
Novos instrumentos da Lei 13204/2015
(Marco regulatório do 3º setor):
f) VII -
termo de colaboração: instrumento por meio do qual são formalizadas as
parcerias estabelecidas pela administração pública com organizações da
sociedade civil para a consecução de finalidades de interesse público e
recíproco propostas pela administração pública que envolvam a transferência de
recursos financeiros;
g) VIII - termo de fomento: Instrumento
por meio do qual são formalizadas as parcerias estabelecidas pela administração
pública com organizações da sociedade civil para a consecução de finalidades de
interesse público e recíproco propostas pelas organizações da sociedade civil,
que envolvam a transferência de recursos financeiros;
VIII-A - acordo de cooperação:
instrumento por meio do qual são formalizadas as parcerias estabelecidas pela
administração pública com organizações da sociedade civil para a consecução de
finalidades de interesse público e recíproco que não envolvam a transferência
de recursos financeiros;
Exigências
da Lei:
“Art.
5º O regime jurídico de que trata esta Lei tem como fundamentos a
gestão pública democrática, a participação social, o fortalecimento da
sociedade civil, a transparência na aplicação dos recursos públicos, os
princípios da legalidade, da legitimidade, da impessoalidade, da moralidade, da
publicidade, da economicidade, da eficiência e da eficácia.
“Art.
6º São diretrizes fundamentais do regime jurídico de parceria:
VIII
- a adoção de práticas de gestão administrativa necessárias e
suficientes para coibir a obtenção, individual ou coletiva, de benefícios ou
vantagens indevidos.
“Art.
11. A organização da sociedade civil deverá divulgar na
internet e em locais visíveis de suas sedes sociais e dos
estabelecimentos em que exerça suas ações todas as parcerias celebradas com a
administração pública.
“Art.
22. Deverá constar do plano de trabalho de parcerias
celebradas mediante termo de colaboração ou de fomento:
I
- descrição da realidade que será objeto da parceria, devendo ser
demonstrado o nexo entre essa realidade e as atividades ou projetos e metas a
serem atingidas;
II
- descrição de metas a serem atingidas e de atividades ou projetos a
serem executados;
II-A -
previsão de receitas e de despesas a serem realizadas na execução das
atividades ou dos projetos abrangidos pela parceria;
III
- forma de execução das atividades ou dos projetos e de cumprimento
das metas a eles atreladas;
IV
- definição dos parâmetros a serem utilizados para a aferição do
cumprimento das metas.
Qual
a forma de escolha dos projetos para financiamento pelo setor público? Os
critérios e procedimentos são definidos pela Lei 13.204/2015, como veremos:
“Art.
23. A administração pública deverá adotar procedimentos claros,
objetivos e simplificados que orientem os interessados e facilitem o acesso
direto aos seus órgãos e instâncias decisórias, independentemente da modalidade
de parceria prevista nesta Lei.
Parágrafo
único. Sempre que possível, a administração pública estabelecerá critérios
a serem seguidos, especialmente quanto às seguintes características:
VI
- indicadores,
quantitativos ou qualitativos, de avaliação de resultados.” (NR)
“Art.
24. Exceto nas hipóteses previstas nesta Lei, a celebração de termo
de colaboração ou de fomento será precedida de chamamento público voltado
a selecionar organizações da sociedade civil que tornem mais eficaz a execução
do objeto.
Manutenção
de velhas práticas patrimoniais e clientelistas:
“Art.
29. Os termos de colaboração ou de fomento que envolvam recursos
decorrentes de emendas parlamentares às leis orçamentárias anuais e os acordos
de cooperação serão celebrados sem chamamento público, exceto, em relação aos
acordos de cooperação, quando o objeto envolver a celebração de comodato,
doação de bens ou outra forma de compartilhamento de recurso patrimonial,
hipótese em que o respectivo chamamento público observará o disposto nesta
Lei”.
Possibilidade
de Dispensa do Chamamento público:
Art.
30. A administração pública poderá dispensar a realização do chamamento
público:
I
- no caso de urgência decorrente de paralisação ou iminência de paralisação de
atividades de relevante interesse público, pelo prazo de até cento e oitenta
dias;
II
- nos casos de guerra, calamidade pública, grave perturbação da ordem pública
ou ameaça à paz social
III
- quando se tratar da realização de programa de proteção a pessoas ameaçadas ou
em situação que possa comprometer a sua segurança;
VI
- no caso de atividades voltadas ou vinculadas a serviços de educação, saúde e
assistência social, desde que executadas por organizações da sociedade civil
previamente credenciadas pelo órgão gestor da respectiva política.
Das
Vedações
Art. 39. Ficará impedida de celebrar qualquer modalidade de
parceria prevista nesta Lei a organização da sociedade civil que:
I - não esteja regularmente constituída ou, se estrangeira, não
esteja autorizada a funcionar no território nacional;
III - tenha como dirigente membro de Poder ou do Ministério
Público, ou dirigente de órgão ou entidade da administração pública da mesma
esfera governamental na qual será celebrado o termo de colaboração ou de
fomento, estendendo-se a vedação aos respectivos cônjuges ou companheiros, bem
como parentes em linha reta, colateral ou por afinidade, até o segundo
grau; (Redação
dada pela Lei nº 13.204, de 2015)
IV
- tenha tido as contas rejeitadas pela administração pública nos últimos cinco
anos, exceto se: (Redação
dada pela Lei nº 13.204, de 2015)
a)
for sanada a irregularidade que motivou a rejeição e quitados os débitos
eventualmente imputados
b)
for reconsiderada ou revista a decisão pela rejeição
c)
a apreciação das contas estiver pendente de decisão sobre recurso com efeito
suspensivo;
VI - tenha tido contas de parceria julgadas irregulares ou
rejeitadas por Tribunal ou Conselho de Contas de qualquer esfera da Federação,
em decisão irrecorrível, nos últimos 8 (oito) anos;
a) cujas contas relativas a parcerias tenham sido julgadas
irregulares ou rejeitadas por Tribunal ou Conselho de Contas de qualquer esfera
da Federação, em decisão irrecorrível, nos últimos 8 (oito) anos;
b) julgada responsável por falta grave e inabilitada para o
exercício de cargo em comissão ou função de confiança, enquanto durar a
inabilitação;
c) considerada responsável por ato de improbidade, enquanto
durarem os prazos estabelecidos nos incisos I, II
e III do art. 12 da Lei no 8.429, de 2 de junho de 1992.
§ 1o Nas hipóteses deste artigo, é
igualmente vedada a transferência de novos recursos no âmbito de parcerias em
execução, excetuando-se os casos de serviços essenciais que não podem ser
adiados sob pena de prejuízo ao erário ou à população, desde que precedida de
expressa e fundamentada autorização do dirigente máximo do órgão ou entidade da
administração pública, sob pena de responsabilidade solidária.
§ 2o Em qualquer das hipóteses previstas
no caput, persiste o impedimento para celebrar parceria enquanto
não houver o ressarcimento do dano ao erário, pelo qual seja responsável a
organização da sociedade civil ou seu dirigente.
§
4o Para os fins do disposto na alínea a do
inciso IV e no § 2o, não serão considerados débitos que
decorram de atrasos na liberação de repasses pela administração pública ou que
tenham sido objeto de parcelamento, se a organização da sociedade civil estiver
em situação regular no parcelamento. (Incluído
pela Lei nº 13.204, de 2015)
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