Boaz Rios
Às vezes a realidade se apresenta tão definida e imutável que não
acreditamos no surgimento de qualquer mudança ou na possibilidade de
descobertas. Observamos e percebemos que tudo se apresenta hoje da mesma forma
que foi ontem, e assim, sucessivamente.
Há os que se habituam com rotinas, pois a falta de normalidade,
inclusive, gera transtornos, incômodos e contrariedades. Por outro lado, outras
pessoas desejam coisas novas e a repetição sistemática dos afazeres e compromissos
corriqueiros provocam sentimentos de tédio, cansaço e impotência. Já, a desatina
e incessante busca pelo novo, também, traz embaraços, dores e decepções.
Quanta perplexidade emerge da incompreensão humana sobre a
eternidade! Analisar e compreender o que ocorreu ou está ocorrendo com a vida
incomoda tanto, porém, não mais do que o desconhecimento daquilo que virá, do
indecifrável futuro incerto.
O sábio Salomão em Eclesiastes 3:1 diz que Deus fez tudo apropriado ao seu tempo. Esta afirmação traz uma
completude, uma integridade e perfeita integração entre os feitos eternos de
Deus e o tempo em que estes feitos se materializam no decorrer da vida humana.
Assim, há momentos que plantamos, colhemos, rimos ou choramos, tudo em seu
tempo determinado.
Saber que existe um tempo determinado não tira do
ser humano a inquietação, pois, continuamos a analisar, compreender e desejar o
novo, o incompreendido, o indecifrável futuro incerto. O Pensador, então,
acredita que este sentimento provém do próprio Deus, que: “Também pôs no
coração do homem o anseio pela eternidade; mesmo assim este não consegue
compreender inteiramente o que Deus fez” (Eclesiastes 3:11).
Então, o desejo posto por Deus no coração do homem, aquilo que o
incomoda pela completa obscuridade, em suma, é o desejo pelo próprio Supremo
Deus Eterno, mesmo que, por vezes, humanamente e momentaneamente despercebido. Porque a eternidade provém de Deus, há sempre coisas novas a
surgir. A realidade que conheço, vivo e experimento não é definitiva e
imutável. Existem muitas coisas obscuras - muitas serão descobertas, outras
não. Paulo disse, "agora vejo como por espelho, obscuramente" (I
Coríntios 13:12). Existem coisas encobertas, segredos de Deus, e por isso,
pertencem somente a ele (Deuteronômio 29:29).
Há coisas belas e perfeitas. No devido tempo, Deus as manifesta surpreendentemente,
assim como as revelou a Jó: "Certo é que falei de coisas que eu não entendia
coisas tão maravilhosas que eu não poderia saber" (Jó 42:3).
As descobertas fazem parte das buscas de cada um. A descoberta é
uma experiência pessoal envolvendo perspicácia, entendimento e disposição.
É preciso permitir-se envolver na descoberta para, enfim, experimentar o
novo com autenticidade, promovendo uma verdadeira transformação, uma metanoia
capaz de afetar toda a existência impondo à vida nova perspectiva.
Diante da nova realidade inaugurada, exige-se esquecer o passado,
desobrigar-se, e lançar-se aos novos desafios. Na parábola de Jesus o reino de
Deus é comparado ao homem que, achando um tesouro, vai e vende tudo que tem e
compra aquele campo (Mateus 13:44). O profeta Jeremias expõe o seu desejo:
“Converte-nos a ti, Senhor, e seremos
convertidos; renova os nossos dias como dantes” (Lamentações 5:21).
Por certo, continuaremos a conviver com o
indecifrável futuro incerto, porém belo e perfeito, pois, guardado em Deus.
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