terça-feira, 2 de outubro de 2012

Apesar de tudo, a justiça prevalece!


Autor: Boaz Rios

Quem nunca duvidou da existência da justiça? Fica a impressão de que vivemos num mundo no qual sofremos demasiadamente por conta de fatos que não causamos e por atos nos quais não participamos. Surge, então, a noção de injustiça, tecida num contexto no qual as circunstâncias concretas conflitam com o direito almejado, desta forma, avilta-se um bem maior e melhor aguardado com grande expectativa pelas pessoas.
Sabemos que atos de crueldade são cometidos todos os dias, seja contra pessoas conhecidas ou desconhecidas, com ou sem motivação, cujos objetivos envolvem sentimentos gananciosos, sectários, violentos ou meramente maldosos. A violência ocorre por atitudes desagregadoras e, por consequência, nutre uma maldade insaciável. Quem desconhece a força destrutiva do desprezo? Mesmo na ausência de ato violento, o desprezado sente-se injustiçado por não compreender as razões do desamor.
Por outro lado, forte poder desolador está relacionado aos sentimentos do ter, como a inveja, a usura e a ambição. Esse mal, de alguma forma, assola a todos. A alguns, porque, mesmo desconhecendo, encontram-se escravizados pelo materialismo consumista; A outros, porque, desprovidos de grandes posses, frustram-se numa vida regrada, mesmo com muito esforço e dedicação ao labor. Isto, também, é injustiça.
Percebemos, igualmente,  a ocorrência de injustiça quando o socorro é omitido, a mão é encolhida, e permite-se a perpetuação do mal, mesmo ao se ter condições e forças para o deter. É nesse sentido que se estabelece a injustiça social, ou seja, o reflexo na sociedade de violências omissivas que, por razões diversas, permitem a persistência do mal fazendo com que alguns de seus indivíduos sofram as consequências.
Em meio a todo contexto de injustiça, persiste a dúvida inicial: Existe justiça? Ela ocorre para alguns e para outros, não? Existe em sua plenitude, ou se apresenta somente em parte?
É verdade que acreditamos facilmente no mal, diferentemente quanto ao bem que parece sujeitar-se às circunstâncias, enfraquecer-se, relativizar-se. Podemos entender, por um lado, que se trata de um simples erro de percepção, que o bem em sua essência existe, mas, no entanto, não o percebemos por limitações pessoais ou por obstáculos externos que impedem a sua apreensão.                                                                                                                    
Por outro lado, como a justiça procede do bem e a injustiça, necessariamente, procede do mal, então, podemos afirmar que a justiça, em sua integridade, existe verdadeiramente. Do bem originam-se valores preciosos para a humanidade como o amor, a bondade, a tolerância, a solidariedade, ou, como nas palavras do apóstolo Paulo, são valores provenientes do fruto do Espírito de Deus: amor, alegria, paz, paciência, benignidade, bondade, fé, mansidão e temperança (Gálatas 5:6).
O bem, que é Deus, do qual a justiça procede, existe por si só, não dependendo de circunstância alguma para se manifestar, pois como haveria um Deus sujeito a condições e conjunturas? É por isso que o salmista Davi afirma: "E os céus proclamam a sua justiça, pois o próprio Deus é o juiz" (Salmo 50:6). A justiça é Deus e, desta forma, tem caráter absoluto, eterno e perfeito. Por conseguinte, toda justiça procede de Deus, mesmo quando a Ele não seja imputada.
Transposto o obstáculo da existência da justiça, podemos voltar os olhares para a questão da percepção. A dificuldade interpretativa no ser humano quanto aos aspectos do bem e da justiça, deve-se, primeiramente, à falta de clareza daquilo que é eterno e incorruptível. Neste sentido, o salmista pede a Deus: "vê se há em mim algum caminho mal, e guia-me pelo caminho eterno" (salmos 139:24).
Trilhar os caminhos eternos nos coloca em harmonia com Deus, e assim, com o bem e a justiça. Tendo o foco corrigido, então, percebemos a justiça; Com esperança nutrida, então, exercitamos a fé. Insignificantes serão os obstáculos, afinal, pela fé, temos plena convicção de transpô-los e desfrutarmos de todo bem.
Desta forma, a injustiça nunca persiste, pois, nem a própria morte é capaz de impedir que a justiça se manifeste, a exemplo do que afirma o apóstolo Paulo: "Porque estou certo de que, nem a morte, nem a vida, nem os anjos, os principados, nem as potestades, nem o presente, nem o porvir, nem a altura, nem a profundidade, nem alguma outra criatura nos poderá separar do amor de Deus, que está em Cristo Jesus nosso Senhor" (Romanos 8: 38-39).
Enfim, podemos afirmar, crer e esperar, pois, apesar de tudo, a justiça prevalece.

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