sexta-feira, 18 de fevereiro de 2011

O profissional da Administração


Consultor:
  • Consultoria é o processo pleno de interatividade no qual um agente de mudança (externo) se compromete a aconselhar competentemente as pessoas da organização (geralmente do nível hierárquico superior) envolvidas nos mais variados processos da organização;
  • A consultoria constitui um conjunto de atividades, obrigatoriamente estruturadas e orientadas para um fim;
  • Por ser um agente externo, o consultor deve agir como parceiro, estimulando a reciprocidade e criando um clima de colaboração;
  • O trabalho do consultor presume a consciência do compromisso assumido para com a empresa;
  • O consultor deve lembrar que, embora não seja quem decide, aconselha. Logo, essa decisão de alguma forma sempre irá afetá-lo.
  • Características da atividade de consultoria:
    • Conhecimento – Para a tarefa de aconselhar é necessário que o consultor tenha conhecimento profundo sobre a área;
    • Experiência – Conhecimento aplicado. Estágios. Atuação em áreas diversas;
    • Neutralidade – Manter-se como observador atento e cauteloso, evitando conclusões emotivas, preconceituosas e precipitadas;
    • Visão sistêmica e de ambiente – Implica na concepção do setor em relação ao todo organizacional e da empresa em relação ao ambiente externo;
    • Ética – Prestar consultoria a várias empresas exige muita discrição e total sigilo quanto às informações obtidas.
Executivo:
  • Um exemplo a ser seguido. O líder. Aquele que marca o ritmo.
  • Características da atividade de um Executivo (a):
    • Aspectos comportamentais – Trabalhar em equipe, ouvindo diversas opiniões que ajudem na tomada de decisão. Ser sensível às capacidades e limitações da equipe de trabalho. Ter intuição;
    • Habilidades – Saber inovar e aceitar as inovações propostas. Manter o clima favorável ao processo de mudança organizacional. Manter o equilíbrio para não desestabilizar;
    • Conhecimento – Deve ser desenvolvido como propósito pessoal; Como necessidade da sua área específica; como visão de mundo;
    • Foco nos negócios – Não desviar a atenção para intrigas internas ou questões secundárias;
    • Atentar às demandas do mercado – Quem determina é o mercado.
    • Conhecer aspectos econômicos, sociais e políticos – Compreender que a organização se relaciona com o mundo.
  • Regras para a legitimidade do Executivo (Hicks, 2003):
    • Regra 1 – Ative intuições – Exercite a mente, pense nas possibilidades em diversas situações;
    • Regra 2 – Abrace seu trabalho – Disposição, compromisso, dinamismo, esforço concentrado;
    • Regra 3 – Recuse-se em se conformar – Lute sempre, em busca de respostas inéditas;
    • Regra 4 – Transforme o stress em energia positiva –
    • Regra 5 – Revise planejamentos, pensando no possível –
    • Regra 6 – Dê, e não tome de ninguém – Regra de ouro, absoluta, que visa plantar e colher o bem;
    • Regra 7 – Exija a verdade – Ocasiona ações positivas a partir de maior respeito e confiança.

Empreendedor (a), Empresário (a):

  • O caso de Benjamin Katz – Auditor fiscal, pediu demissão; Trailer de sanduíches; Alimentação demandava muito tempo; Camisetas com estampas em silk screen; Negócio de ouro; mercado imobiliário financeiro; rastreamento de veículo. O Empreendedor está sempre buscando novas oportunidades. O empresário preocupa-se em manter a lucratividade do seu negócio.
  • O caso Boticário – Fundado em 1977, seu dono Miguel Krigsner achava que o lucro era pequeno. Acreditava que devia mudar para continuar ganhando. Dos 27 diretores, 24 saíram da empresa. Os problemas: desprepara para o ambiente competitivo, falhas na comunicação, desperdiço. O redesenho aplicado à empresa garantiu a sua liderança no mercado nacional.

Referência:
ARAUJO, Luis Cesar G. de. Teoria Geral da Administração: Aplicação e Resultados na Empresas Brasileiras. São Paulo: Atlas, 2004.

Modernização do Estado Brasileiro


  1. ESTADO OLIGÁRQUICO
  • Período da República Velha: Comando de militares (1889-1894) Coronéis do café com leite (1894-1930); Oligarquia - Governo de Poucos, ou pequeno grupo político que controla as forças econômicas e sociais em benefício próprio;
  • Pouca importância às políticas públicas de caráter social ou de mobilização da sociedade civil;
  • Imigração, agronegócio e industrialização concentradas nas regiões sul e sudeste do país;
  • Instituições Religiosas cuidam da assistência social;
  • Governo de privilégios, clientelismo (favorecimento de partidários e troca de favores com eleitores) e patrimonialismo (Confusão entre o patrimônio público e privado).
    • Getúlio Vargas – linha filosófica positivista: Estado forte, autoritário, ditadura de uma elite e incorporação das massas;
    • Antonio Carlos de Andrada, Governador de Minas Gerais: “Façamos a revolução antes que o povo a faça”;
    • Mudanças na ordem estabelecida: Crise econômica (1929); Preço baixo do café; Desvalorização da moeda; incentivo à exportação e redução de importações;






































    • Movimento Constitucional Paulista (1932); Assembleia Constituinte em 1933, promulgação em 1934; Nova Constituição em 1937 outorgada por Getúlio Vargas transforma o presidente em ditador.
    • Em 1937, Fecha o Congresso e institui o Estado Novo (O Estado era tudo – positivismo) Instala-se o populismo, o líder fala diretamente com as massas, e essas esperam tudo do líder e do Estado. Em 1938, criou o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística;
    • Cia Siderúrgica Nacional (CSN – 1942) financiada pelo EUA. 
    • Intervalo 1945 – 1950 (Governo Dutra) – Estado liberal. Rompimento das relações com a União Soviética e alinhamento com os Estados Unidos da América; Fechamento do Partido Comunista Brasileiro e cassação dos mandatos dos parlamentares deste partido; Fechamento de sindicatos e prisão de sindicalistas que faziam oposição ao governo; Criação da Escola Superior de Guerra voltada para a formação de oficiais militares; Criação de incentivos que favoreceu a instalação no país de grandes empresas estrangeiras; Criou o Plano SALTE (focado nas áreas de Saúde, Alimentação, Transportes e Energia). Com falta de recursos para investimentos, poucas ações do plano viraram realidade; Construção da rodovia ligando São Paulo ao Rio de Janeiro (atual rodovia Presidente Dutra). Construção da rodovia ligando a Bahia ao Rio de Janeiro; O governo queima todas as reservas em apenas 1 ano. Nova Constituição de 1946.
    • 1950 – 1954: Volta Getúlio. Ênfase no planejamento; BNDE (1952); "O petróleo é nosso" - Petrobrás (1954). Discurso nacionalista. Suicídio de Getúlio Vargas
  1. ESTADO DESENVOLVIMENTISTA ( JK – 1956 -1961)
    • Os estudos do Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico (BNDE) e da Comissão Econômica para a América Latina e Caribe (CEPAL), indicavam a necessidade de eliminar os "pontos de estrangulamento" da economia brasileira (Processo de substituição de importações). Opção de industrialização: Bens de consumo durável;
    • Plano de Metas (50 anos em 5) – Investimento em infraestrutura, Rodovias, indústrias de base e construção de Brasília;
    • Financiamento externo, emissão de moeda, inflação, Dívida externa, crise.
    • Consolidação da burguesia nacional e operariado – acirramento da luta política;
    • Processo de concentração econômica: sudeste industrializado e o restante o país produzindo bens de subsistência;
    • Distribuição da renda no país em 1970: Norte – 2,1 %; Nordeste 14,5%, Centro-oeste – 3,3%, Sul e sudeste – 80,1%.
    • PIB por região em 2012: Norte – 5,3%; Nordeste 13,6%; Centro-oeste 9,8%; Sul 16,2% e Sudeste 55,2%.
    • Criação de instituições com o objetivo de equilibrar o desenvolvimento: SUDENE, SUDAM, SUDESUL,SEDECO).

  1. O ESTADO EM CRISE A PARTIR DE 1961 (JANIO QUADROS E JOÃO GOULART)
    • Dinamismo e messianismo de Jânio Quadros em oito meses de mandato (25/08/61); Prometia varrer a corrupção, equilibrar as finanças públicas e controlar a inflação;
    • Política interna: Afastou-se das forças políticas tradicionais dificultando as relações com o Congresso nacional;
    • Medidas moralistas polêmicas: Proibição de brigas de galo, uso de biquínis na televisão e lança-perfume no carnaval;
    • Política externa: Reaproximou o Brasil da União Soviética; Enviou o vice (João Goulart) em missão diplomática à China; Criticou os Estados Unidos com relação ao tratamento dado à Cuba, e, condecorou Che Guevara com a Ordem do Cruzeiro do Sul;
    • No dia 21 de agosto de 1961 Jânio Quadros assinou uma resolução que anulava as autorizações ilegais outorgadas a favor da empresa Hanna e restituía as jazidas de ferro de Minas Gerais à reserva nacional. Quatro dias depois, os ministros militares pressionaram a Quadros a renunciar: «Forças terríveis se levantaram contra mim…»;
    • João Goulart (Vice presidente) estava em missão na China, e os parlamentares tentaram não empossá-lo. Foi empossado num regime parlamentarista, que passou a ser presidencialista através de plebiscito em Janeiro de 1963.
    • Recorreu à mobilização das classes populares e aos sindicatos a fim de obter apoio social ao seu governo. Aprovou o 13º salário em Julho/62 com o apoio do Comando Geral de Greve;
    • O Ministério do Planejamento e da Coordenação Econômica foi ocupado por Celso Furtado, que elaborou o chamado Plano Trienal de Desenvolvimento Econômico e Social. O objetivo era combater a inflação através de contenção salarial e o controle do déficit público;
    • Convocou um Comício na Central do Brasil (Rio de Janeiro) para anunciar as Reformas de Base. Uma semana depois, as elites rurais, a burguesia industrial e setores conservadores da Igreja realizaram a "Marcha da Família com Deus e pela Liberdade", considerado o ápice do movimento de oposição ao governo.
      1. Reforma Agrária: Acesso à posse e propriedade da terra a todos, através da desapropriação de terras inaproveitadas, principalmente os latifúndios;
      2. Reforma Urbana: Combate à especulação imobiliária, inclusive com desapropriação dos latifúndios urbanos;
      3. Reforma da empresa: Integração progressiva dos trabalhadores nas decisões e nos lucros da empresa;
      4. Reforma Eleitoral: Democratização da vida partidária. Direito ao voto para analfabeto e praças de pré (cabos, soldados e marinheiros);
      5. Reforma Administrativa: Substituição da improvisação pelo planejamento; combate ao clientelismo; realização de concurso público;
      6. Reforma fiscal-tributária: Simplificação e racionalização dos tributos. Eliminação de sonegação e privilégios;
      7. Reforma bancária: Criação do Banco Central do Brasil. Política monetária deveria ser direcionada pelo Conselho Monetário Nacional.
      8. Reforma Cambial: Proibição de importações desnecessárias, distribuição racional das divisas; fomento ao consumo do produto interno;
      9. Reforma educacional: Democratização e ampliação do ensino no Brasil;
      10. Reforma da consciência nacional: Fortalecimento do processo emergente de conscientização e mobilização do povo.
  • Instabilidade política, desafetos da classe dominante e insatisfação dos militares por conta da insubordinação hierárquica, levaram ao Golpe Militar em 31 de março de 1964.
  1. O GOVERNO MILITAR (1964-1985)
    • Extinção de sindicatos e partidos políticos
    • Legitimidade: Ter salvo o país do Regime Comunista
    • Milagre econômico: Emprego, crescimento, financiamento externo.
    • O golpe dentro do golpe: AI- 5 em 1968 fecha o congresso nacional. Cassam-se direitos políticos. Serviço Nacional de Informações (SNI)
    • 1974: Política de distensão. Amenizar as torturas; processo de mudança lenta segura e gradual; articulação com a Igreja Católica.
    • 1977: Pacote Econômico de Abril – Transforma o Brasil numa potência (II PND)- Petroquímica, energia nuclear, energia hidrelétrica (financiamento externo)
    • Anistia: Figueiredo – Abertura e reformulação dos partidos.
    • Situação econômica – concentração de renda, inflação represada e dívida externa. Crise de 1981, apelo ao FMI.
    • 1984: Diretas já!
6. REDEMOCRATIZAÇÃO E INSTITUCIONALIZAÇÃO DA SOCIEDADE CIVIL PÓS 1985.

  • Eleição indireta de Tancredo Neves, e com a sua morte, ocorre a posse de José Sarney. Período de transição (1985 a 1988) – Nova Constituição;
  • Em 1986, o governo lançou O Plano Cruzado: Criação de uma nova moeda (Cruzado) em substituição ao Cruzeiro que estava muito desvalorizado; Congelamento do preço das mercadorias; Congelamento salarial com Gatilho de reajuste disparado com valor igual ou maior que 20% de inflação; Fim da correção monetária (desindexação);
  • Criação da Escola Nacional de Administração Pública (Enap), num esforço de melhorar a capacitação da alta burocracia
  • Manutenção das influências oligárquicas: Os partidos políticos, representados por agentes já conhecidos da política brasileira se apropriam da estrutura governamental.

Mudanças com a Constituição de 1988:

  • Descentralização da ação governamental e garantias aos cidadãos;
  • Fortalecimento do controle externo da administração pública, com destaque, entre outras mudanças, para o novo papel conferido ao Ministério Público (MP);
  • Municipalização da gestão pública: Autonomia dos municípios; Conselhos municipais;
  • Aprovação de Estatutos: Defesa do Consumidor; da Criança e do Adolescente; do Idoso.

  1. (DES) REFORMA ADMINISTRATIVA DO GOVERNO COLLOR (1990-92)
    • Objetivo: Melhorar a performance do setor público;
    • Promoveu o enfraquecimento do papel do Estado, a redução da máquina governamental através de privatizações e diminuição do número de servidores públicos;
    • Plano Collor I (Março/1990): Volta do Cruzeiro como moeda; Congelamento de preços e salários; Bloqueio de contas correntes e poupanças no prazo de 18 meses; Demissão de funcionários e diminuição de órgãos públicos; Abertura indiscriminada das fronteiras para os produtos externos;
    • Denúncias de corrupção envolvendo a primeira dama (Roseane Collor), tráfico de influência e lavagem de dinheiro denunciada pelo irmão (Pedro Collor) envolvendo o tesoureiro da campanha( PC Farias);
    • Em 29/09/1992 foi aprovado o impeachment do presidente pela Câmara dos Deputados com 441 votos a favor, 38 contra, 23 ausências e uma abstenção.
    • Período Itamar Franco (Dezembro/1992 a 1994)
    • Sob a coordenação de Fernando Henrique Cardoso, o Plano Real visava o controle inflacionário e a estabilização econômica, através da contenção dos gastos públicos, privatização de empresas estatais, redução do consumo com o aumento das taxas de juros e diminuição dos preços dos produtos por meio da abertura da economia a competição internacional.
8. GOVERNOS FHC (1995-2002)

  • O Estado continua sendo o Problema: Necessidade de substituir o Estado burocrático pelo Gerencial. Criação do MARE – Ministério da administração e da Reforma do Estado;
  • Reorganização administrativa do governo federal, com destaque para a melhoria substancial das informações (Governo eletrônico) da administração pública antes desorganizadas ou inexistentes e o fortalecimento das carreiras de Estado;
  • Construção do Estado regulador; 
  • Planejamento com baixa participação dos agentes sociais; 
  • Busca do ajuste fiscal: Lei de Responsabilidade Fiscal (101/2000); 
  • Princípios: desestatização, flexibilidade, foco no cliente, orientação para resultados, controle social. 

9. GOVERNO LULA (2003-2010)

  • Revitalização do Estado: Papel ativo na redução das desigualdades e promoção do desenvolvimento;
  • Diagnóstico e planejamento participativo; Maior participação dos movimentos sociais;
  • No primeiro mandato, problemas na eficiência, efetividade, transparência e ética;
  • Politização dos cargos públicos, ou seja, loteamento partidário buscando maior governabilidade;
  • Iniciativas na Gestão Pública: Estruturação da CGU – Controladoria Geral da União; Programa Nacional de Apoio à Modernização da Gestão e do Planejamento dos Estados e do Distrito Federal (Pnage) e o Programa de Modernização do Controle Externo dos Estados e Municípios Brasileiros (Promoex);
  • Prioridades: Ênfase nos programas sociais; Inclusão econômica; Recuperação do poder de compra do salário mínimo;
  • Princípios: Redução do déficit institucional; fortalecimento da capacidade de formular políticas públicas; otimização de recursos; participação social; Inclusão social.

10. GOVERNO DILMA (2011)
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  • Afasta-se do tripé econômico do Plano real: Metas de inflação, controle fiscal e câmbio flutuante;
  • Resultados econômicos no período (2011-2014): Inflação acumulada de 27% em quatro anos; Taxa anual de crescimento no período 2004-2010 inferior a vários países em desenvolvimento, inclusive na América do Sul (2,9%).
  • Entraves para o desenvolvimento econômico: Carga tributária excessiva, baixa poupança do setor público, infraestrutura precária, baixo nível educacional da população, alta proteção à indústria nacional, fragilidade de instituições capazes de garantir o cumprimento dos contratos comerciais e proteger a justa concorrência (judiciário, agências reguladoras) e legislação trabalhista ultrapassada.
  • Intensificou a politização dos cargos públicos, inclusive em autarquias, empresas públicas e empresas de economia mista; Presidencialismo de coalizão – Cargos e verbas são manobrados pelo Poder Executivo para garantir a governabilidade;
  • Medidas econômicas: Programa de Aceleração do Crescimento I (2007) e PAC II (2010) – Investimentos em infraestrutura (energia, transportes, etc); Isenção fiscal e financiamento para eletrodomésticos e carros; Fomento à construção civil (Minha casa, Minha vida);
  • Medidas sociais: Ampliação dos Programas de complementação de renda (ampliação do cadastro e diminuição da renda mínima); Programa de habitação; Minha casa melhor.
  • Principais dificuldades: Baixo crescimento econômico; Vulnerabilidade das instituições públicas em razão de clientelismo, corrupção e baixa efetividade; Aumento da inflação; Enfraquecimento do papel das agências reguladoras; Denúncias de tráfico de influências e evasão de divisas.


REFERÊNCIAS:


MATIAS-PEREIRA, José. Curso de Administração Pública. São Paulo, Atlas, 2008;

BRUM, Argemiro J. O Desenvolvimento econômico brasileiro. 29 ed. Rio de Janeiro, 2012.

sexta-feira, 11 de fevereiro de 2011

História do surgimento da profissão de Administrador no Brasil


Momentos marcantes do ensino superior em administração no Brasil ocorreram em 1966, 1993, 2004 e 2005 com o estabelecimento das Diretrizes Curriculares.
Observa-se um início tardio dos cursos em Administração no Brasil (1952) em comparação com os Estados Unidos (1881).
A Conjuntura brasileira, quanto aos aspectos sociais e econômicos, apresentava um cenário de mudança e desenvolvimento da formação social- Crescimento urbano, industrialização e consolidação do Estado nacional.

  • Anos 30 (Getúlio Vargas ) – Consolidação do Estado central e desenvolvimento nacionalista;
  • Anos 50 (Juscelino Kubitschek) – Desenvolvimento industrial com predomínio do capital estrangeiro;
  • 1964 (Governo militar) – Planejamento governamental e internacionalização.

• Principais funções: Planejar, controlar e analisar atividades empresariais e governamentais;
• Em 1943 ocorre o I Congresso Brasileiro de Economia. Em 1945 o Ministro Gustavo Capanema propõe a criação dos cursos de Economia e Contabilidade. Até então, só existiam os cursos de Engenharia, Medicina e Direito.
• Após 1964, aumenta-se a influência norte-americana na economia com a instalação de grandes empresas multinacionais, que altamente burocratizadas, exigiam profissionais capacitados para gerenciar organizações complexas;
• O surgimento, em 1944, da Fundação Getúlio Vargas (FGV) se deu a partir da criação do DASP (Departamento de Administração do Serviço Público) que se deu em 1938. Esse órgão tinha por finalidade estabelecer um padrão de eficiência no serviço público federal e criar canais mais democráticos para o recrutamento de recursos humanos para a administração pública;
• A FGV é responsável pelos primeiros estudos sobre assuntos econômicos do país, com o objetivo de orientar as atividades dos setores público e privado. O ensino superior desloca-se de uma tendência européia para a norte-americana;
  • Em 1952, é criada a Escola Brasileira de Administração Pública (EBAP) no Rio de Janeiro;
  • Em 1954, é criada a Escola de Administração de Empresa de São Paulo (EAESP);
• Em 1946, a USP cria a Faculdade de Economia e Administração- FEA, mas só veio a criar o curso de Administração em 1963;
• A regulamentação da profissão de Administrador ocorreu com a edição da Lei 4769 de 9 de setembro de 1965. Foram incluídos os não diplomados que tinham cinco anos, ou mais, no exercício de atividades próprias ao campo profissional do administrador;
• São criados os Conselhos Federais (CFA) e Conselhos Regionais (CRA) de Administração.

Referência:
www.cfa.org.br

quinta-feira, 10 de fevereiro de 2011

Esgotamento do Modelo de Intervenção Estatal

Entre as décadas 70 e 80 os Estados nacionais viveram um período de Crise Econômica Mundial, ocasionada pelo alto grau de investimento público na economia, seja decorrente do chamado Estado do Bem Estar Social ou pelo centralismo de alguns governos de países subdesenvolvidos. O esgotamento do modelo de intervenção estatal tornou-se evidente a partir das seguintes características: 
  1. Crise fiscal do Estado - Agravada pela impossibilidade de majoração da carga tributária a fim de suprir as necessidades de investimentos em infraestrutura e benefícios sociais para a população;
  2. Crise de governabilidade - Gerada a partir da insatisfação da sociedade e de setores políticos diante do gigantismo e da ineficiência da máquina estatal;
  3. Emergência da globalização e das inovações tecnológicas - O   Estado burocratizado reage com lentidão aos efeitos da globalização e das novas tecnologias, cedendo espaço para o capitalismo despatriado que com avidez busca novas fontes de lucro.
Tal realidade impõe aos governos uma reformulação conceitual envolvendo a limitação dos campos de atuação do Estado, seus procedimentos e técnicas, ensejando o movimento de Reforma do Estado que substitui o Estado burocrático pelo gerencial.

Esta nova proposta adota uma postura mais empresarial para os governos, inserindo conceitos formatados no âmbito da gestão privada, tais como: Administração por objetivos; Downsizing; Serviços voltados ao cliente; Empowerment; Remuneração por desempenho; Qualidade total; e Descentralização.
Tais mudanças convergem para a proposta de Estado Neo liberal, que retoma o pensamento de diminuição do controle do Estado sobre a economia, corrente defendida amplamente na Grã-Bretanha, por Margaret Thatcher  (1979) e nos EUA, por Ronald Reagan (1980).

A partir das experiências dos países nórdicos, como Noruega e  Dinamarca,  articulados com a Grâ-Bretanha e EUA, surge o novo paradigma da administração pública denominada de Nova Gestão Pública (NGP), cujo foco é a Diminuição do Estado e a ênfase nos resultados. No Brasil, tal movimento denominou-se Administração Pública Gerencial.

Pontos comuns em diferentes países:
  1. Mudança de ênfase do processo de elaboração de políticas para habilidades gerenciais;
  2. Mudança de ênfase de processos para resultados;
  3. Mudança na hierarquia, remuneração variada e contratos de produtividade;
  4. Um novo paradigma
Problemas e contradições:
  1. A Nova Adm. Pública não apresenta base teórica nova;
  2. Aumenta-se os controladores de orçamento e de performance, mas não resulta em melhorias para o serviço público;
  3. Criação de uma elite de novos gestores, com privilégios superiores aos gestores anteriores;
  4. Limitação cultural por conta da sua origem anglo- saxônica.
 Referência:
MATIAS-PEREIRA, José. Curso de Administração Pública. Cap. 13 e 14. São Paulo: Atlas, 2008.

 

Teoria da Burocracia




Todo poder procura suscitar e cultivar a fé na própria legitimidade. Todo poder se manifesta e funciona como administração” (Max Weber, 1972)

O poder está estreitamente vinculado às relações de mando, à capacidade de decisão, à luta, aos antagonismos, à possibilidade de utilização de força, persuasiva ou material.

Poder = Dominação

• “ Poder significa toda oportunidade de impor sua própria vontade o interior de uma relação social, até mesmo contra resistências, pouco importando em que repouse tal oportunidade” (Weber).

Weber identifica três fatores principais que favorecem o desenvolvimento da moderna burocracia:
  1. O desenvolvimento de uma economia monetária: Na Burocracia, a moeda assume o lugar da remuneração em espécie para os funcionários, permitindo a centralização da autoridade e o fortalecimento da administração burocrática;
  2. O crescimento quantitativo e qualitativo das tarefas administrativas do Estado Moderno;
  3. A superioridade técnica – em termos de eficiência – do tipo burocrático de administração: serviu como uma força autônoma para impor sua prevalência.

Tipos ideais de dominação de WEBER:

  • Dominação carismática: legitimada pela fé e pelas qualidades sobrenaturais do chefe
  • Dominação tradicional: legitimada pela crença sacrossanta na tradição
  • Dominação legal: legitimada pelas leis a partir dos costumes e tornado possível pela burocracia, trazendo a especialização e a organização racional e legal das funções
  • A burocracia é o tipo de administração caracterizada por uma hierarquia formal de autoridade, na qual existem regras definidas para a classificação e solução de problemas, que devem ser estendidas às comissões e aos órgãos coletivos e decisão e formas escritas de comunicação.
  • O Termo Burocracia vem do francês: Bureau – oficina (escritório) + cratie (poder, autoridade)
  • A burocracia, enquanto forma de dominação, se sustenta sobre o conhecimento técnico, que além de lhe conferir caráter racional, a transforma em instrumento capaz de assegurar alta eficiência administrativa. Isso pressupõe certa racionalidade impessoal que, guiada por regras formais que padronizam e conferem igualdade no tratamento dos casos, define com precisão as relações de mando e subordinação, mediante a distribuição das atividades a serem executadas e de acordo com os fins a que se visa.
  • Para Weber, a burocracia é influenciada pelo modo de estruturação do exército e da igreja. O moderno sistema de produção não seria impulsionado pelas mudanças tecnológicas ou pela propriedade, como pensava Karl Marx, mas por um novo pensamento religioso que denominou de “Ética protestante”.
  • A Ética protestante, diferentemente da ética católica, apoiava-se no trabalho árduo e na poupança. Restringia-se o dispêndio desnecessário e as orgias eram proibidas, o que produzia o acúmulo de riquezas. A vocação divina de ser rico passou a ser uma benção de Deus em decorrência da vida piedosa do homem, e não um castigo inafastável.
  • Separação entre o público e o privado: “ Esta diferenciação conceitual do público e do privado foi concebida e colocada em prática por primeira vez nas agrupações urbanas: em efeito, quando os possuidores dos cargos estabeleceram-se por meio de eleições periódicas, o depositário de poder individual, até no cargo mais elevado, já não se identificou, obviamente, com o homem que possuía autoridade por “direito próprio”. E, assim sendo, a despersonalização mais completa possível da direção administrativa pela burocracia e a codificação racional do direito tornaram efeito, no início, a separação entre o público e o privado” (WEBER, 2008).
  • Sistema aberto X sistema fechado: “A democratização da sociedade em seu conjunto, e no significado moderno do termo, quer seja efetiva ou talvez somente formal, é uma base peculiarmente favorável para a burocratização, mesmo que não seja a única possível... Em determinadas condições, a democracia promove ostensíveis rupturas e travas no seio da organização burocrática. Por isso, deve-se considerar a orientação particular tomada pela burocratização em cada caso histórico singular” (WEBER, 2008).
  • Influência de outros fatores, como econômicos e políticos: “ Em que medida as estruturas administrativas são determinadas economicamente? Ou, em que medida outros fatores, por exemplo, os puramente políticos, determinam oportunidades de desenvolvimento? Ou, por último, em que medida os processos são determinados por uma lógica “autônoma” exclusivamente ligada à estrutura técnica como tal?”
  • Características: Legitimidade do poder decisório; aparelho administrativo legalmente constituído; funções administrativas exercidas de modo continuado; decisões formalizadas com base em documentos escritos.

    Referências:
    MATIAS-PEREIRA, José. Curso de Administração Pública. São Paulo, Atlas, 2008.
    WEBER, MAX. O que é a Burocracia. Conselho Federal de Administração. Disponível em: www.cfa.org.br