terça-feira, 16 de agosto de 2016

Pais convertidos aos filhos e filhos aos pais

Boaz Rios

O que falar do distanciamento nas relações entre pais e filhos? Abismo de gerações? Dificuldades de compreensão dos pais ou insubordinação e rebeldia dos filhos?

Certamente, o papel dos pais tem sofrido alterações nos últimos tempos. Aquela figura do pai mantenedor, provedor, que pagava as contas e, por esta razão, impunha regras ou comportamentos, enfraqueceu-se com a crescente participação da mulher no mercado de trabalho, bem como, a sua corresponsabilidade na manutenção da família. Por conseguinte, os pais passaram a compartilhar com as mães da responsabilidade na educação dos filhos e outras tarefas domésticas, impondo-lhes um aprendizado outrora incumbido especialmente aos cuidados maternais.

Quanto ao filhos, certamente, são outros. Não de maneira pejorativa, até porque são afeitos naturalmente às mudanças. Crianças, adolescentes e jovens, atualmente, expostas a um volume extraordinário de informações, rapidamente desencantam-se com a sabedoria dos pais, e podem não tê-los mais como referência, o que era marcante em outros tempos. Assim, cada vez mais cedo, os filhos, precocemente, tornam-se independentes e não carecem, mesmo que queiram, da opinião, conselho ou ajuda dos pais. Ainda pior será o quadro onde a relação se desgasta e o comportamento arredio dos filhos é visto pelos pais como desobediência ou rebeldia.

Lá no final do antigo testamento, o profeta Malaquias (4,6) faz uma promessa maravilhosa: “Ele fará com que os corações dos pais se voltem para seus filhos, e os corações dos filhos para seus pais”. Realmente, pais e filhos, precisam caminhar nesta direção, uma verdadeira conversão mútua. O que possibilita isto é o evangelho de Jesus Cristo.

Primeiramente, Jesus é exemplo de filho que honrava ao seu Pai, como Ele mesmo reconhece: "Tu és o meu Filho amado; em ti me agrado" (Marcos 1:11). Outro fator importante na relação é se esforçar no conhecimento mútuo, como Jesus afirma de forma interessante: “Ninguém conhece o Filho a não ser o Pai, e ninguém conhece o Pai a não ser o Filho” (Mateus 11:27). De igual forma, para superar todas as dificuldades e tornar a relação, cada vez mais, profunda, zelosa e duradoura, é cultivar o amor: “O Pai ama o Filho e entregou tudo em suas mãos” ( João 3:35). Por fim, ainda que Jesus tenha muito mais a ensinar, ele afirma ter um coração totalmente em sintonia com o Pai, uma identificação total ao ponto de exclamar: “Quem me vê, vê o Pai” (João 14:9).


A promessa do profeta Malaquias é um alívio para a angústia de tantas relações desgastadas entre pais e filhos, e, genericamente, alcança a todos que buscam o evangelho de Jesus de forma a permitir a transformação integral da vida e a total restauração das relações.