sexta-feira, 21 de novembro de 2014

Quero beber vinho novo com Jesus

Autor: Boaz Rios

Não há nada mais confortante na despedida do que a certeza do reencontro. Em certa ocasião, mesmo na iminência de uma morte trágica e dolorosa, Jesus convidou seus discípulos para uma festa. Montou o cenário e promoveu um generoso momento de comunhão e celebração. Preparou o local, pediu comidas, bebidas, e honrou aos seus amigos lavando e enxugando os seus pés. No entanto, o consolo maior viria nas palavras do Mestre: "Eu lhes digo que, de agora em diante, não beberei deste fruto da videira até aquele dia em que beberei o vinho novo com vocês no Reino de meu Pai" (Mateus 26:29).
Daquele dia em diante, amigos, seguidores e discípulos vivem a expectativa do reencontro com Jesus. A referência ao vinho sugere um acontecimento festivo, alegre, incomparável.
Do ponto de vista pessoal, a perspectiva de experimentar um prazer inigualável e duradouro, cria e nutre em mim um desejo único e inafastável: Desejo beber o vinho novo com Jesus.
Em um momento anterior Jesus falou sobre os instantes que antecedem a este momento festivo, nos quais, por conta dos preparativos, há necessidade de trabalho. A vinha necessita ser cuidada e o vinho precisa ser produzido. Ele tratou do assunto através de uma parábola envolvendo três elementos: O Senhor, os dois filhos e a vinha (Mateus 21: 28-32).

1) O Senhor da Vinha
A vinha simboliza o universo, a criação, sendo Deus o dono de todas as coisas, pois Ele tem a propriedade: "Ao Senhor pertence a terra e tudo o que nela se contém" (Salmos 24:1). Não vivemos num abandono interminável. Por mais que observemos destruição e desamparo na criação, Deus continua sendo o soberano de todas as coisas, e por fim, exigirá contas aos seus administradores.
Deus, também, tem o domínio, a direção, o comando: "Nos céus estabeleceu o Senhor o seu trono, e o seu reino domina sobre tudo" (Salmos 103:19). Ainda que o mal se levante e pareça indestrutível, prevalecerá o domínio eterno e onipotente do grande Deus.
Além disso, O Senhor tem zelo e cuidado com a sua criação: "Quando treme a terra com todos os seus habitantes, sou eu que mantenho firmes as suas colunas" (Salmos 75:3). O que seria de nós se Deus descansasse do seu cuidado?
Contudo, Ele convida a todos a participarem de sua obra. O Senhor da vinha na parábola, chamou aos dois filhos propondo-lhes que fossem realizar o trabalho necessário. Mais do que um encargo, deve ser um prazer sentir-se parte de uma obra tão maravilhosa. Assim, afirma o apóstolo Paulo quando nos convida: "Sedes firmes, inabaláveis e sempre abundantes na obra do Senhor (I coríntios 15:58).

2) A Ordem, o encargo
Para a colheita de bons frutos, é preciso cuidar da vinha. O lavrador olha para a terra ociosa e já antevê a colheita dos frutos, contudo, sabe que é necessário muito trabalho e cuidados com o solo e a plantação. Ele pode ter uma boa terra, uma boa semente, mas se não se dispor ao serviço os resultados serão desastrosos.
O Senhor chamou aos dois filhos passando-lhes o encargo de cuidar da vinha. O trato com a plantação era vital para a colheita de bons frutos e a produção de um bom vinho. A ordem partiu de quem tinha autoridade, foi transmitida com clareza e em momento oportuno. Por consequência, parece óbvio que deveria ser atendida por ambos os filhos, porquanto, agradaria ao Pai e garantiria produção, sustento, prosperidade e alegria.
Na vida, participamos do esforço do Criador para a restauração de todas as coisas. O interesse divino inclui a busca pela perfeita harmonia do homem consigo mesmo, com Deus e com toda a criação. Neste encargo seremos vitoriosos se cooperarmos com Jesus Cristo na sua missão: "assim como Cristo amou a igreja e entregou-se a si mesmo por ela para santificá-la, tendo-a purificado pelo lavar da água mediante a palavra, e apresentá-la a si mesmo como igreja gloriosa, sem mancha nem ruga ou coisa semelhante, mas santa e inculpável" (Efésios 5:26,27).
O Encargo, portanto, expressa o desejo revelado em Cristo de restaurar todas as coisas, seres viventes e toda a criação (Romanos 8:19). Somos convidados a participar honrosamente da valiosa missão: Ir à vinha, cuidar dela e se preparar para o reencontro com o Mestre.

3) Os filhos: faces da diversidade
Nesta parábola o mestre Jesus Cristo demonstra existir diversos comportamentos entre os filhos. Todos recebem a mesma ordem, no entanto, reagem de maneiras diferentes. Os pais, geralmente, sabem que os filhos são diferentes e se comportam de formas distintas.
Quanto ao chamado de Deus aos homens e mulheres, são estes os comportamentos possíveis:
a) O impenitente declarado e assumido - Rejeita completamente a autoridade do Pai e, deliberadamente, não o obedece;
b) O impenitente vacilante, inconstante e indefinido - Reconhece a autoridade do Pai, mas não o obedece, pensando estar agradando-lhe somente com meras palavras: O Filho disse que iria à vinha, mas não foi;
c) O penitente - Arrependido, cônscio dos seus erros e disposto a corrigi-los. Muda de atitude dispondo-se a cooperar.

Concluindo:

Participar da festa e beber o vinho novo com Jesus, é infinitamente prazeroso e desejável. O Pai, Senhor da vinha e da vida, tem a propriedade, autoridade, domínio e zela por sua criação. A missão já foi revelada e todos são chamados a cumpri-la. No entanto, é preciso um autoconhecimento: "analise, pois, o homem a si mesmo, e como do pão e beba do vinho, pois quem come e bebe sem discernir o corpo, comerá juízo para si" (I Coríntios 11:28). É preciso atitude a exemplo do filho pródigo: "Levantar-me-ei e direi: Pai pequei contra o céu e diante de ti" (Lucas 15:18). É preciso trabalho e persistência, inspirados nas palavras do Mestre, quando diz: "Ninguém que põe a mão no arado e olha para trás é apto para o Reino de Deus" (Lucas9:62). Enfim, participaremos de um momento único, porém eterno, de alegria extasiante, contudo, totalmente sóbria. Tudo isso me faz concluir: Quero beber vinho novo com Jesus.